terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

INDIFERENÇA

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Fotografia / Sentidamente

Em espera! Parada no tempo,
Resto olhando o mar… Eternidade!
Exponho o rosto, ao passar do vento,
ausente na luta da verdade…

Sou pedra em estátua de perfil.
Lágrima presa, congelada em sal,
Sou nada! Resumo de tantos mil,
Saída encravada em escuro portal.
Sou espaço oco, só fachada!
Riso que soa ao amargo do chorar.
Nuvem de chuva, o Sol a tapar…

E sempre à espera de nada,
mergulho em coisa nenhuma!

Apertando a mão fechada
Retenho restos em espuma.

Já não sei limar arestas,
nem ensejo, tal fazer!
Se por entre o fumo há frestas,
há muito deixei de as ver!
E na farsa dos papéis,
onde também sou actriz,
deste palco colectivo,
desbaratei meus anéis.
pelo preço que não quis.
O meu querer ficou cativo…

Jesus Varela

5 comentários:

  1. Minha querida

    Fiquei sem palavras para comentar tanta beleza.


    E sempre à espera de nada,
    mergulho em coisa nenhuma!
    Apertando a mão fechada
    Retenho restos em espuma.

    Como este verso fala de mim...nem calculas.

    Deixo um beijinho carinhoso
    Sonhadora

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  2. nada disso.
    o teu querer é a tua força. é o dom que denuncia que és alguem, que vive, e se vê, que resiste.
    nessa plateia não há lugares cativos.

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  3. O teu poema, é o verdadeiro retrato da indiferença, para quem não souber distinguir, basta ler com o coração...!
    Foi o que acabei de fazer.

    Com amizade, um abraço para ti.

    Namastê

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  4. MQuerida, fico sempre suspensa nas tuas palavras,como gostaria de ouvir o linguajar da "lágrima presa, congelada em sal",a minha cai como pérola aquecida pela DOR !!!
    Um xi ...

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