Fotografia / Sentidamente
POEMA DE NADA
Este nada a crescer… sempre a crescer…
aonde tudo é só;
esta cinza na teia das ideias
de palavras com pó;
estas letras que falam do vazio,
o buraco obscuro, o infinito,
a solidão que ri, só porque rio
e que sinto chorar quando medito;
as horas aonde conto as minhas horas
com o engenho que o destino tece
e quase me enlouquece se demoras
e o silêncio aquece!
Este nada a crescer… sempre a crescer…
pelas sombras com fendas,
e tudo se verte, sem querer,
sem que ninguém atenda;
esta rouquidão onde me canto
com sílabas de ofensa…
folhas de acanto, amortalhando o pranto
quando o poema pensa;
esta ternura que a saudade entorna
neste sem fim de azul e madrugada
e vejo recompor-se a tua forma
com pedaços de nada.
Ulisses Duarte
(Palavras com Distância)
Com o meu agradecimento à querida amiga ZÉ, por me ter dado a conhecer este GRANDE POETA.