quarta-feira, 29 de julho de 2009

NUM OLHAR

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Fotografias / Sentidamente
Flores azuis!

Degraus da minha imaginação,

Sob o deslumbre,

Desse céu suspenso,

Que vai morrendo em queda lenta,

Pela falésia,

Até às espumas, do mar irrequieto,

Quebrando-se nas rochas…


Confronto da minha passividade e desencanto

Com o doce pulsar da vida!

sábado, 25 de julho de 2009

AS ONDAS

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Fotografias / sentidamente

Deixo partir nas ondas a vontade de lutar!
Perdida em letargia… Espero que nada aconteça…

E as ondas:

enrolam as lágrimas choradas para o mar;
bailam as danças mágicas do infinito;
acompanham esperas que sempre durarão;
batem no imaginário dos descontentes;
assinalam ansiadas urgências de partir;
prometem o desconhecido doutras vidas…

Na cadência dos repetidos percursos,
desfazem-se, como sonhos perdidos…
Partículas esparsas em total confusão,
reagrupam-se em esperanças renascidas
e recomeçam, num constante vai e vem…

É no embalo das ondas que encontro a mensagem!

Levanto-me, para recomeçar… Sempre recomeçar…
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terça-feira, 21 de julho de 2009

EM TODA A NOITE O SONO NÃO VEIO

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Fotografia / Sentidaente

Em toda a noite o sono não veio. Agora
............ Raia do fundo
Do horizonte, encoberta e fria, a manhã.
. .......... Que faço eu no Mundo?
Nada que a noite acalme ou levante a aurora,
. .......... Coisa séria ou vã.

Com olhos tontos da febre vã da vigília
............ Vejo com horror
O novo dia trazer-me o mesmo dia do fim
........... Do mundo e da dor –
Um dia igual aos outros, da eterna família
........... De serem assim.

Nem o símbolo ao menos val, a significação
........... Da manhã que vem
Saindo lenta da própria essência da noite que era,
........... Para quem,
Por tantas vezes ter sempre sperado em vão,
........... Já nada spera.

Fernando Pessoa

quarta-feira, 15 de julho de 2009

FELICITAÇÕES

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Estou orgulhosa!
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Hoje foi o dia de lançamento do livro “História da Primeira República Portuguesa”, onde a minha filha, colabora com dois artigos. É a sua estreia!
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Parabéns filha! Para que o sonho se realize há que dar as mãos ao esforço.

Tudo de bom para ti.
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Beijos da mãe.

sábado, 11 de julho de 2009

ALENTEJO – Breves Flashes

.d..o Alentejo onde vivi)agens que guardo d


. Fotografias / Sentidamente
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(Imagens que guardo dum Alentejo onde vivi)
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Primaveras:

Dos exemplos de harmonia na mãe natureza,
Aliando promessas de vida e tons de beleza.

Dos dias com céu azul e nuvens de brancura,
A derramar chuviscos, promessas de fartura.

De verde colorido, em tapete aveludado,
Estendido nas colinas ou debaixo de montado.

Do rubro das papoilas. Das searas ondulando,
Guardiãs de espigas que se estão formando.


De árvores onde brotam rebentos, ainda incipientes.
Doutras, já floridas, prometendo frutos e sementes.

Onde, sob uma ponte, num ribeiro em enchente,
Esforçados nenúfares em flor, resistem à corrente
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Verões:
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Das ondas de calor, elevando-se a tremer.
Como fornalhas sem chama, ao longe a arder.

Dos tempos de colher. Duras fainas por cumprir.
Que permitem, por bem pagas, guardar e prevenir.

Dos silenciosos relâmpagos, envoltos em magia,
Riscando céus longínquos, ao findar do dia.

Das belas noites estreladas, serenas e cálidas.
Dos luares de Agosto, alumiando sombras pálidas.

Dos ecos de canções, tristes e lendárias,
Lamentos dos pastores, nas noites solitárias.

Das madrugadas claras e orvalhadas,
Trazendo todas as frescuras desejadas.

Outonos:

Dos dias deslumbrantes, antecedendo o Inverno.
Pausa bem-vinda entre um céu e um inferno.

Dos vinhedos com maduros cachos por cortar.
Das nozes e bolotas, prontas para apanhar.

Das amoras oferecendo-se nos silvados.
Das bagas salpicando os verdes dos valados.

Das urgências em arranjar abrigos seguros.
Para guardar os bens, de temporais futuros.

Das terras escuras, sulcadas do lavrar.
Do cair das folhas, brilhantes ao luar.

Dos fins de dia, mornos, entre o ouro e o anil.
- Fascínios de Florbela, entornando o seu gomil.

Invernos:

Dos ventos, chuvas, lamas, campos alagados.
Dos caminhos impedidos de serem transitados.

Das gentes molhadas, por ser fraco o agasalho.
Das fomes e misérias, por falta de trabalho.

Dos dias cinzentos, escuros, tristonhos.
Das noites de breu, com temporais medonhos.

Do consolo aconchegante. As lareiras crepitando.
Como se em desafio, estivessem ao vento ripostando.

Das conversas de serão: contos místicos e fatais.
Ao som do mugir do gado, no quente dos currais.

Das duras lutas do dia a dia, contra as adversidades,
Dum tempo que passou, deixando estas verdades.

terça-feira, 7 de julho de 2009

REGRESSO A SINES

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Fotografia / Carlos Mendonça - Sines 1970

Desce meu olhar da amurada!
Lá em baixo, num azul de infinito,
O mar. Tão calmo! Tão bonito!
Reflectindo esperanças de alvorada.

Vislumbro no redondo da baía
Pequenas ondas, murmúrios de segredos.
Espelho meu! Sombra de meus medos!
Lembrança ténue dum sonho que fugia.

Quanto do que vivi nesse lugar,
Guardei na intimidade do meu ser!
Momentos que se difíceis de esquecer,
De tão longínquos, nem os devo recordar.

Guardo de ti memórias preciosas,
Ternos tesouros, afectos já perdidos.
Lembranças fugazes de dias vividos,
Campos semeados de nefastas rosas.

Águas serenas que afago docemente.
Areia macia a escorrer-me entre os dedos.
Guardai para sempre os meus segredos.
Herança de mim, em tempo de poente
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quinta-feira, 2 de julho de 2009

JANELAS SÃO ...

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Fotografia / Sentidamente
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Velhas janelas rasgadas no tempo,
Emolduradas por farrapos de vida.
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São olhos… São apoios da alma…
Fitam o horizonte, em espera sentida.

São brechas abertas aos sonhos errantes.
São caminhos largos…Veículos, estradas…
Tráfego intenso…Entradas, saídas…

São um mundo cheio de pequenos nadas!

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Janelas são… Histórias de vidas!