quarta-feira, 27 de maio de 2009

ANGÚSTIAS

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Fotografia / Sentidamente

A DOR DO TEU OLHAR

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Dói-me o teu olhar

profundamente triste!

Como espada em riste

pronta para me trespassar!

Quando fitas impessoal o horizonte,

junto-me a ti num viajar infindo.

Ultrapasso o rio, para além da ponte,

no sonhar tão triste, desse olhar tão lindo…

sábado, 23 de maio de 2009

CISNE NEGRO

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Fotografias / Sentidamente - Cisnes negros em ritual de acasalamento no Parque Eduardo VII , Lisboa
Cisne negro! Cisne negro!
Beleza em luto vestida,
orgulho na majestade,
da nobre cabeça erguida!
Deslizas suavemente,
nas águas verdes do lago.
Onde riscas o esboço,
dum carinhoso afago.
A curva do teu pescoço,
como mastro dum veleiro
em bonançoso marear,
dá-te o parecer altaneiro,
de soberano a reinar.

Mas se da água saíres.
Em terra perdes encanto.
Como se alteram sentires!
Como o belo mudou tanto!
Fascínio da noite negra,
que à clara luz do dia,
caiu na vulgaridade,
perdendo toda a magia!

segunda-feira, 18 de maio de 2009

DESVENDANDO LISBOA


Lisboa - rua no Bairro da Bica
Lisboa - fachada da Brasileira do Chiado

Lisboa - vista do Alto de Santa Catarina
Fotografias / Sentidamente

De qualquer ponto alto da cidade de Lisboa, avistamos um amontoado de telhados avermelhados, derramando-se entre vales e colinas e interceptado por ruas de tonalidades acinzentadas, umas direitas e outras mais sinuosas, num parecer estático e parado no tempo actual.
Mas a cidade também é vida a palpitar no dia a dia, pelo movimento contínuo de veículos e de pessoas indo e vindo, e pelo constante e característico barulho de fundo, como que um ruidoso respirar citadino, aglomerando pedaços de conversas e sons de carros, autocarros, aviões entre muitos outros.
A cidade é uma entidade dinâmica que vai mudando continuadamente, ao nível estrutural e vivencial. Tem uma história que foi deixando escrita ao longo do tempo. As suas pedras falam do passado, através dos musgos que as cobrem, mas também podemos ler nelas os acontecimentos e factos a que assistiram ou que lhes deram origem. São assim os monumentos, os palácios, palacetes, as típicas casas humildes…
A cidade foi crescendo sucessivamente conforme movimentos demográficos, e migratórios provocados por factores dominantemente sociais. A sua situação geográfica, a proximidade do rio e fenómenos naturais, como terramotos, também lhe determinaram profundas alterações.
Hoje estamos a deixar as nossas marcas. Passou o tempo dos pregões pelas ruas e das compras à porta ou nos pequenos estabelecimentos. Compra-se por atacado nos supermercados e hipermercados onde também se vai passear, ver montras ou simplesmente olhar o fluente movimento de pessoas a passar. Até os cafés, lugares de encontros e tertúlias, vão acabando sucessivamente para dar origem a espaços comerciais. Acabaram-se as conversas nas esquinas das ruas ou de janela para janela, onde os vizinhos se conheciam. Trancam-se as portas e olha-se desconfiadamente para quem viaja ao nosso lado, ninguém confia em ninguém.
Crescem os bairros suburbanos, como cogumelos, incaracterísticos e frios. Nascem e desenvolvem-se os luxuosos e caros condomínios fechados dentro da urbe, reconstruindo-se velhos edifícios, reabilitando-se palacetes e característicos recantos que no passado tiveram uma história e foram por exemplo, vilas operárias…
Para se saber um pouco mais do que foi e hoje é a cidade, a Câmara Municipal de Lisboa realiza passeios temáticos. Rota da Seda; Lisboa dos Aguadeiros; Lisboa dos Descobrimentos; Lisboa Romana; Lisboa Moura, entre outros. São percursos pedestres guiados, através de zonas específicas da cidade, parando nas ruas para falar das características arquitectónicas e das memórias históricas e sociais, visitando palácios, monumentos e igrejas. Por vezes, esses percursos estão ligados a figuras proeminentes que aí nasceram e viveram (Lisboa de Fernando Pessoa; Lisboa de Cesário Verde; Lisboa de Bordalo Pinheiro, etc.).
Estas visitas, absolutamente gratuitas requerem marcação prévia e têm grande afluência mas valem a pena. Já fiz algumas e conto continuar.
Pretendo que este texto seja uma introdução a outras postagens que intercaladamente irei publicando onde falarei da informação recolhida nesses percursos que vou efectuando.

Contactos:

Itinerários Temáticos
Câmara Municipal de Lisboa Direcção Municipal de Cultura
Divisão de Programação e Divulgação Cultural

Tel. 21 817 06 00 Fax: 21 817 05 47
E-mail: itinerarios.tematicos@cm-lisboa.pt

quinta-feira, 14 de maio de 2009

COMO É BELA A NATUREZA !


Fotografia / Sentidamente

O Crepúsculo

No céu, ao findar do dia,
Em grande tela pintada,
Um rasto de sombra e cor.
É fascinante a magia,
Desta etapa renovada,
Que procede o sol se pôr.

Corada num vermelhão,
A linha do horizonte,
Por onde o sol passou.
Momentos de transição.
Escoa-se a luz brilhante,
Ainda o escuro não chegou.

Este é mais um ritual.
Num repetir sem idade,
Registo do tempo a passar.
Em fluir sempre igual,
Perde a luz intensidade.
Vem o crepúsculo a chegar.

Um respeito secular,
Acompanha tal mistério,
Fica em suspenso o fazer.
Reina silêncio no ar,
E tudo ficou tão sério.
Místico instante a viver!

domingo, 10 de maio de 2009

POR MAIS QUE A VIDA TE DOA

Fotografiaa / Sentidamente

Por mais que a vida te doa,

não percas a confiança,

não deixes que o desespero

corte as asas à esperança;

Não deixes que o dia a dia

faça de ti um destroço,

nem descreias da alegria,

Que eu já vi brilhar a Lua

no fundo negro dum poço.


Fernanda de Castro

quinta-feira, 7 de maio de 2009

MEDITANDO

Fotografia / sentidamente (Salvador Dali / Figura em la ventana / Azulejo - Museu João Mário em Alenquer)

Já fui

Já fui encanto num beijo,
Já fui mar em sobressalto,
Já fui ânsia num desejo,
Já fui ave a voar alto.
Já fui águia vigilante,
Já fui predador e presa,
Já fui gume acutilante,
Já fui muralha em defesa.
Já fui chaga a sangrar,
Já fui bálsamo e consolo,
Já fui queda de quebrar,
Já fui cicatriz e colo.
Já fui fonte que brotou,
Já fui caminho em ribeiro,
Já fui lago que secou.
Já fui esforço derradeiro.

Hoje, já não sei o que sou.

domingo, 3 de maio de 2009

COMEMORANDO O DIA DA MÃE... (Porque tive mãe e porque sou mãe)

Fotografia / Sentidamente

SER MÃE

Ser mãe é: dádiva pura.
É estar presente, pro bem e pro mal.
É um laço que pra sempre dura.
É o único amor incondicional.

Ser mãe é: receber com carinho,
O sorriso dum pequenino ser.
Mimá-lo, falar-lhe baixinho.
“Sonhar” um futuro pra ele viver.

Ser mãe é: ver o filho crescer,
Qual flor a desabrochar.
O seu primeiro sorriso receber.
Entender o que diz, ensiná-lo a andar.

Ser mãe é: preparar para a vida.
Alimentar, vestir, educar, ensinar a viver.
E quantas vezes com a alma ferida,
Ter que sorrir para ninguém perceber.

Ser mãe é: tratar o filho se está doente,
Ficando de vigília à sua cabeceira.
Angustiada, dor igual sente.
Mas faz da esperança sua padroeira.

Ser mãe é: deixar o filho na escola,
Onde receosa o levou pela mão.
É voltar só e triste, por sabê-lo ausente.
Como se perdido entre a multidão.

Ser mãe é: acompanhar nas lições,
Estudar em conjunto, amparar nos fracassos.
Fazer dos sucessos alegrias e emoções,
Festejando-as com beijos e abraços.

Ser mãe é: acompanhar os folguedos,
Vigiar as amizades e os afectos,
É nunca deixar de sentir medos.
Mas mantendo os braços sempre abertos.

Ser mãe é: perceber que o filho cresceu.
E acabará partindo pra outro viver.
Mas serenamente, onde permaneceu,
Estará sempre pronta para o receber.

Ser mãe é: chorar as dores mais amargas,
Quando a hora é negra e de aflição.
Quantas vezes, esperanças tão largas,
Jazem em pedaços, arrastadas no chão.

Ser mãe é: ser a única, a maior, o porto seguro.
Aquela que sempre estende a mão.
Ser filho é: poder contar com o amor mais puro.
Ter a certeza inabalável duma protecção.