quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

NO PASSAR DE MAIS UM ANO

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Fotografia / Sentidamente

Escoam-se lentas,
as horas deste dia,
afundado no cinza da chuva!...
Treme ainda,
a lembrança da trovoada
que sacudiu a noite!...

Cai mais uma folha
da árvore do meu quintal!...
Último recado de Outono!
No chão, agora atapetado
de renascidos verdes,
espreitam pequenas manchas,
escuras, no apodrecido
de outras folhas!...

É assim o calendário da vida!
Tempo sempre renovado!
Em idas e vindas:
do bom e do mau;
do bonito e do feio;
do alegre e do triste…

Fluxo contínuo!
Etapa após etapa!...

Amanhã, virá outro dia…
Amanhã, começará outro ano…

domingo, 27 de dezembro de 2009

FELIZ ANO DE 2010

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Fotografia/Sentidamente

FOLHINHA

Murchou, a flor aberta ao sol do tempo.
Assim tinha de ser, neste renovo
Quotidiano,
Outro ano,
Outra flor,
Outro perfume.
O gume
Do cansaço
Vai ceifando,
E o braço
Doutro sonho
Semeando.

É essa a eternidade:
A permanente rendição da vida.
Outro ano,
Outra flor,
Outro perfume,
E o lume
De não sei que ilusão a arder no cume
De não sei que expressão nunca atingida.


Miguel Torga

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

MENSAGEM DE NATAL...

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A todos os meus amigos e visitantes:






Fotografias / Sentidamente

Colhi esta singela mensagem de Natal numa rua de Lisboa. Porque vinda de futuros homens que serão os obreiros dos Natais de amanhã, tem o duplo sentido de esperança e de dádiva na simplicidade e na humildade!

Venho passá-la a todos vós e desejar que de acordo com os significados que o Natal possa ter para cada um, seja um dia com tudo o que desejais…

E que resulte num FELIZ NATAL

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

SE O NATAL FOSSE...

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Fotografia / Sentidamente

Se o Natal fosse um grande abraço!
Um sorriso aberto, um querer profundo!
Um fraternal e colorido laço
celebrando o amor de todo o mundo!
Se fosse o Natal, por nascer Jesus,
o dia feliz que marcou uma rota,
de amor, compreensão e luz,
água abençoada, caindo gota a gota!
Se o Natal não fosse só de uns,
privilégio de olhares, visões de caridade!
Aplacando remorsos de alguns,
acordados nesse dia, em fidelidade!

Se o sofrimento, sempre esperado,
fosse atenuado de igual para igual!
Se o perdão nunca fosse negado,
ao arrependido, porque fez mal!
Se o Natal calasse canhões,
mas, num silêncio definitivo.
Se o Natal, entrasse nos corações,
do sofrer no mundo, como lenitivo!

Se o menino não dormisse nu e faminto
definhando de sub nutrição!
Se tivesse a velhice amparo distinto
e se nas ruas, não fosse cama o chão!
Se em todos os olhares sorrisse
a confraternização num viver feliz!
Grato, pelo que sentisse,
então o Homem teria razão,
para colorir de luzes qualquer praça
e agradecendo tamanho ideal,
espalhar presentes, em cânticos de Graça!

E eu diria:
...............Sim!...
...................... Quero este Natal!

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

POR TODOS AQUELES, A QUEM, DO NATAL SÓ CHEGA O RUMOR…

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Fotografia /Sentidamente

NOITE DE NATAL

Era noite de rixas a noite de Natal
No Morro desamparado ante a vinda do Homem;
As mesmas bebedeiras e o batuque
De um Sábado maior.

Na cubata de adobe,
Sob o imbondeiro tutelar,
Sem a ficção da chaminé
Para o menino entrar,
Era aí que esperávamos
Em esteiras sob o céu,
A Hora sem brinquedo algum…

E o tempo apenas se contava
Pelo pulsar
De pequeninos corações ansiosos,
Té o Sinal
Que era
Irrompendo na Noite
O canto dos alunos
Da Escola Missionária
Atravessando o Morro…

(- “Canários da Maianga” de Mestre Coelho,
Meninos sofridos de vozes límpidas,
Quantos silêncios vos esperariam?...)

Dormíamos então
Sob a impressão
De uma chuva de estrelas
- Presente de Natal.

Mário António

sábado, 5 de dezembro de 2009

PROCURA

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Fotografia / Sentidamente
Vou num pequenino barco,
onde só eu caibo, com as minhas ilusões.
Vou no balanço das ondas,
na brisa das emoções,
numa rota de nevoeiro
para um destino que não tem final…

Envolve-me o salpico das águas,
pequenas gotas a escorrer no rosto,
num travo amargo com sabor a sal.
A faiscar os olhos húmidos de desgosto!
Por entre os dedos, escoa-se a vida.
História, nunca encontrada nem vivida!
Inútil espera no dobrar do tempo…

Do mundo nada mais sei.
Outros, não quero encontrar!
O só do meu eu, comigo,
vai sem sentido e sem abrigo
a nenhum cais aportar.

Na escuridão que vou atravessar,
farol da minha viagem, eu grito:
só me quero a mim, se me encontrar!

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

DIAS...

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Fotografia / Sentidamente

CHUVA

Levanto a cortina,
desta janela,
nos confins do meu mundo...
Embebedo-me,
de ar húmido e pesado…
Bebo as lágrimas da chuva!
Frias, insensíveis…

Não posso respirar!
O ar é opaco e denso,
misturado num véu de nevoeiro
que envolve as casinhas
deste presépio,
que a natureza me ofereceu.
Não as posso ver.
Adivinho-as!

Sinto todas as dores em mim.
Não as posso chorar!
Engulo as lágrimas.
A chuva monótona continua:
Ping! Ping!
Peço à chuva para parar.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

SAUDADES

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Fotografia/Sentidamente

Passa uma brisa doce, vem do Sul,
sopro em murmúrio de terno amante.
O céu, em calmaria límpida de azul,
envolve a Terra em dobras de turbante!
O Sol sorri, e derrama luz em molhos,
por entre plátanos, agora quase despidos…
Resplendecem sorrisos, lucernas para os olhos,
e bailam sombras nos lugares perdidos!
Instantes agarrados, quase eternidade!
Libertos pesadelos e choros amarfanhados!
Ecoa pelos campos cândida saudade…
Vinda de longe, perdida nos montados
e na planura, doirada, exposta e nua,
em dádiva de quando a quiser ter!

Entretanto, deixo-me planar de rua em rua,
Querendo agarrar esta réstia de viver!

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

VARINAS: Cesário Verde escreveu, Almada Negreiros pintou.

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Fotografias / Sentidamente – trechos dos painéis da Gare Marítima de Alcântara, da autoria de Almada Negreiros.

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...................O Sentimento Dum Ocidental
.........................................I
..............................Ave- Marias

(…)

Vazam-se os arsenais e as oficinas;
Reluz, viscoso o rio, apressam-se as obreiras;
E num cardume negro, hercúleas, galhofeiras,
Correndo com firmeza, assomam as varinas.

Vêm, sacudindo as ancas opulentas!
Seus troncos varonis recordam-me pilastras;
E algumas, à cabeça, embalam nas canastras
Os filhos que depois naufragam nas tormentas.

Descalças! Nas descargas de carvão,
Desde manhã à noite, a bordo das fragatas;
E apinham-se num bairro aonde miam gatas,
E o peixe podre gera os focos de infecção!

Cesário Verde

sábado, 14 de novembro de 2009

MELANCOLIAS

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Fotografias / Sentidamente

Os salgueiros, sussurram baixinho
e reflectem a prata das suas folhas,
num acenar doce ao ameno da tarde…

Os nenúfares,
sorriem cores gritantes,
e emergem do lodo, negação
ao putrefacto das águas…

Adivinham-se nos ares, suaves aromas,
misturados com maresias,
trazidos de imaginados jardins e mares,
por brisas pressentidas.

O vento teimoso,
insiste em levar-me para míticos lugares,
já sem tempo nem pessoas…

Assim fico!
abraçada à melancolia
no final deste dia…

terça-feira, 10 de novembro de 2009

ECOS DE SABEDORIA

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Fotografias / Sentidamente

“Tudo passa, as horas, as nuvens no céu, a vida dos homens, levadas do nascimento até à morte. Não te prendas à cronologia afectiva das coisas. É uma maneira muito má de ver o mundo. Faz de cada segundo uma experiência enriquecedora, sem te importares com o tempo que foge e os dias que já não regressam. O presente é a única coisa que não tem fim”.
***
“Observando-te a ti mesmo, acabas por esclarecer as tuas próprias contradições. Os reflexos de defesa desaparecem, e podes aproximar-te dos outros com a tua vulnerabilidade, a tua fragilidade e a tua força, como o dançarino do sol, só com a chama do teu amor.”
***
“O verdadeiro sentimento é como o rio que corre à luz do sol, e depois atravessa a escuridão da noite com o mesmo murmúrio jubiloso.”
***
“Não julgues, não decidas o que é o bem ou o mal sem teres consultado o teu próprio coração”
***
SABEDORIA AMERÍNDIA / Pergaminho

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

MANSARDA DE LISBOA

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Fotografia / Sentidamente

Nessa mansarda velhinha,
Janela aberta pra vida,
Quem a vê, não adivinha,
Quanta história nela havida!

E a cortina, abana leve,
Por atrevimento da brisa,
A espreitar, o que não deve,
Em ar de dança imprecisa.

Velha mansarda rasgada,
Num lugar, perto do céu,
Vês o Tejo em caminhada,
Num imenso quadro, só teu.

Tens por limite o horizonte
E no lento, tempo a passar,
Do ontem pra hoje, em ponte,
Quanto tens para recordar!

Vês uns ir, outros chegar,
Em barcos de grande porte.
E aqueles que vão pescar,
Partindo ao sabor da sorte.

Quantos bandos voltearam,
Num voar sincronizado!
Quantas gaivotas pousaram,
À tua beira, no telhado!

Quantas bátegas tilintantes,
Te fustigaram as vidraças!
Quantos vendavais uivantes,
Te anunciaram desgraças!

Quanta gente te habitou!
Quantos já viste nascer!
Quanta vida se apagou!
Nesse teu longo viver!

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

ANTECIPAÇÃO

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Fotografias / Sentidamente

Escuto algures, ecos nas quebradas.
Solidária com o sofrer do mundo,
num macio amargo de veludo,
choro baixinho, dores adivinhadas…
Impotente, estalo na secura dos estios,
e num encarquilhar velho, de vazios,
ouço-me, a estiolar pelas estradas!

Ontem o dia veio, promessa de luz e cor.
Tudo o que trouxe, deixou…
Com o seu passar, perdeu esplendor.
O que deixara, tirou e levou…

Os meus passos hoje, impressos no chão
duro ou macio, marcam-me o rasto.
O tempo os levará e um dia serão,
em branco, um imenso espaço!

sábado, 24 de outubro de 2009

REFLETINDO…


Fotografias / Sentidamente

SENTIR OS SENTIMENTOS

Alegria e tristeza, duas constantes da vida.
Se a primeira é ansiada, já a segunda é temida.

A alegria é tão breve que se desfaz num momento?
A tristeza deixa marcas, prolonga-se em sofrimento?

E no decorrer duma vida qual é mais frequente?
- Varia com a pessoa, a forma como isso sente.

Naquela que vive a sorrir, tendo pronta a gargalhada,
predomina a alegria, sendo a tristeza adiada.

A que com insegurança, caminha pela vida fora,
é propensa ao sofrimento e com frequência chora.

Tanto o bom como o mau, a qualquer pode atingir.
A grande diferença está, na forma de reagir?

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

O PRESENTE

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Fotografias / Sentidamente

O presente é um “presente”
de incalculável valor…
O que já foi, porque ausente,
é de importância menor.
Privilégio é o estar vivo!
Cheirar, ver e ouvir,
ao sorriso dar motivo,
alegria e dor sentir.
Ver nascer um novo dia
e assistir ao sol se pôr,
Contente ou em agonia!
E quando escuro já for,
pisando as pedras da rua,
caminhar nos becos escuros,
entre a luz prateada da lua,
e a sombra de altos muros.
Partilhar com outros seres,
vivos ou inanimados,
um sem número de viveres:

Os que sem vida, parados,
Pedras, rochas, minerais,
esses seres inanimados,
À mercê de nós, mortais.

Em fainas de sobrevivência,
os animais deste mundo,
vão entrando em sequência,
nesse círculo tão profundo…
E num equilíbrio sem par,
garantem continuidade
em cadeia alimentar.

As plantas, numa luta sem idade,
com a brisa a ondear,
ou a sacudir com o vento,
tenazes, no seu lutar
contra as agruras do tempo.
Na primavera, os segredos,
que são promessas de vida,
dão forma a tenros folhedos,
e em floração colorida,
afastam da terra os lutos
dum Inverno e suas dores.
Mais tarde chegam os frutos,
impondo-se pelos sabores.
As sementes legarão
garantias e favores,
de cíclica renovação!

Em humana convivência:
Ser a criança inocente.
Ir perdendo a inocência,
ser jovem adolescente,
ter a mocidade enfim!
Chegar à idade adulta.
Depois, encontrar um fim…

Neste destino resulta,
um tempo presente haver,
que tudo o que é mau, indulta,
nessa dádiva que é viver.

sábado, 10 de outubro de 2009

FASCÍNIOS DE OUTONO

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Fotografias / Sentidamente

Gosto! Da paz destes dias soalheiros,
carregados de sonhadas nostalgias,
a refulgir luz etérea nos outeiros,
calma intocada, em formas fugidias!

Gosto! Desta paz que inunda espaços.
Dos dias a arrefecer num vagar lento.
E do estalar seco dos meus passos,
a lembrar protestos, trazidos pelo vento!

Gosto! Do espalhar os tons de oiro,
na quietude mansa desta espera!
Do Outono calmo, luminoso e loiro,
a surgir do sonho, envolto na quimera!

Gosto! Das brisas frescas ao entardecer,
entre o aconchego e o arrepiar de frio.
Das pequenas ondas, no cais a bater.
Do sereno brilhar das águas no meu rio!

Gosto! Se a rua deserta, inspira o sagrado
e o silêncio reina em respeito profundo,
de caminhar segura, num passo entoado.
sentindo-me quase, senhora do mundo!

domingo, 4 de outubro de 2009

MÃOS

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Fotografia / Sentidamente

Mãos tortas, encarquilhadas,
dormentes, doridas.

Mãos que por mais que água lave,
ficam sempre escurecidas.

Pele enrugada
sobre ossos retorcidos
em dias tristes...

Mãos que já foram aladas, leves,
carinhosas, esguias,
sedosas e potentes!
Mãos que acenaram,
que acariciaram,
que trabalharam.
Mãos de GENTE!

Mãos longínquas, perdidas nas lembranças,
esfumadas nos ares e nos tempos,
como bolas de sabão!
Difusa imagem escondida por bruma.
Meio apagada, quase coisa nenhuma!

Mãos que não o sendo,
são sempre as mesmas.
Mãos nobres e valorosas
cheirando a nardos e a rosas!


segunda-feira, 28 de setembro de 2009

SER MULHER

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Fotografias / Sentidamente - Esculturas do Museu Municipal do Bombarral

A história dá-nos uma imagem da mulher relegada para segundo plano, num mundo de que fazia parte e que só com o seu papel se poderia manter e continuar.
Desde quando? Há indícios que levam a pensar nem sempre ter sido assim. Vestígios de sociedades matriarcas e a importância da mulher representada como deusa, onde o destaque da representação avoluma, no simbolismo das suas profusas formas físicas, a importância da maternidade.
Analisando a história conhecida, comprovamos que em todo o mundo a mulher foi considerada secundária nas sociedades, cabendo-lhe no entanto tarefas muito importantes, tais como os cuidados com a família, a manutenção da vida doméstica, a manufactura de artefactos e primitivamente o recolectar alimentos passando depois a cultivá-los, enquanto o homem se ocupava da defesa e da caça.
Interessante se pensarmos, como algumas religiões conceberam a mulher, na explicação sobre a criação do mundo e dos homens. Um ser curioso e irresponsável mas com uma atitude de procura, tão igual à que hoje aclamamos na investigação por mais saber. A curiosidade de Eva, leva-a a comer o fruto proibido, iniciando desde aí um mundo longe do paraíso, mas este nosso mundo, com o bom e com o mau. Segundo a mitologia grega, Pandora, a primeira mulher criada por Zeus, por curiosidade, em desobediência e num gesto proibido, destapou uma ânfora cheia de desgraças, espalhando o mal sobre a Terra.
Apesar da secundariedade do seu lugar, houve mulheres que se destacaram no exercício do poder, representando os maridos ausentes, ou os filhos enquanto menores de idade e até como legítimas governantes, deixando marcas dum mando igual ou superior ao de muitos homens, pela positiva mas também algumas vezes, pela negativa.
Há vários registos de situações de mulheres que para aceder ao mundo dos homens, vestiram-se como eles e fizeram história, passando como incógnitas mas pagando caro, quando descobertas. Algumas foram combatentes nas guerras, outras pretendiam exercer profissões interditas ao mundo feminino ou frequentar cursos universitários, a que somente os homens tinham acesso. Lembremos ainda figuras lendárias como Joana d’Arc, heroína francesa, fez-se guerreira e dos 17 aos 19 anos, foi vencedora nas lutas contra os ingleses, até ser capturada e queimada viva ou Mary Read, pirata temida durante muitos anos e que morreu em 1720, numa prisão na Jamaica, onde estava prisioneira dos ingleses.
Tantas outras formas de fugir a um destino indesejado foram engendradas ao longo dos tempos. Como exemplo, as idas para os conventos, o que significava a fuga ao domínio masculino no lar e por vezes, a possibilidade de uma vida própria onde o saber era possível. Daí saíram mulheres de grande nível intelectual e artístico. Foi assim Herrad de Landsberg, abadessa de Hohenburg que viveu no século XIII e fez a primeira enciclopédia da autoria duma mulher, “Hortus Deliciarum”, (jardim das Delícias), artisticamente ilustrada e que se destinava ao ensino das suas religiosas. Há ainda o exemplo das mulheres que escrevendo, usaram pseudónimos masculinos (George Elliot, George Sand, entre outros).
Foi um longo caminho, marcado por lutas individuais e de grupo, mas sobretudo por sucessiva renovação das ideias e dos contextos sociais que trouxe as mulheres, à posição dos dias de hoje. Apesar do que ainda há para fazer, ficou para trás o tempo em que limitadas ao espaço caseiro e a trabalhos próprios e menores, definhavam perante os seus anseios e capacidades amputadas.

(Este texto escrito por mim, foi baseado numa parte do prefácio do livro "Histórias de Mulheres" de Rosa Montero. O citado prefácio, por ser longo e descritivo não me permitiu a sua transcrição.)

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

ESPERANÇA

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Fotografia / sentidamente
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Não fora a esperança:
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e o negro cairia de vez sobre os meus olhos;
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e o marasmo me tolheria os passos;
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e os dias ganhariam o bolor do tédio;
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e a vontade sucumbiria, apodrecida…
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A esperança amarra-me implacavelmente à vida.
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A esperança justifica desejar o amanhã.
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Pela esperança, sou agora e serei sempre!
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Pois se esta se apagar, acenderei outra.
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domingo, 20 de setembro de 2009

"CANTO DE MIM MESMO"

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Fotografias / Sentidamente

(canto 48)

“Já disse que a alma não é mais do que o corpo,
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E disse que o corpo não é mais do que a alma,
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E nada, nem Deus, é maior para uma pessoa do que ela própria,
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E quem caminha duzentos metros sem amar caminha amortalhado para o seu próprio funeral,
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E eu ou tu que não possuímos um centavo podemos comprar o melhor que a Terra contém,
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E olhar com um só olho ou mostrar um feijão na sua vagem desconcerta a aprendizagem de todos os tempos,
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E não há ofício nem emprego em que um jovem não se possa converter em herói,
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E não há delicado objecto que não possa servir de eixo às rodas do universo,
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E digo a todos os homens e mulheres: que a tua alma permaneça tranquila e serena ante um milhão de universos,
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E digo à humanidade: não sintas curiosidade por Deus,
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Porque eu que tenho curiosidade por tudo não sinto curiosidade por Deus, (Não há palavras que possam definir a paz que sinto em relação a Deus e à morte).
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Escuto e contemplo Deus em cada objecto, ainda que não O entenda minimamente,
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Nem entenda que possa existir alguém mais maravilhoso do que eu próprio.
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Porque é que desejaria ver Deus melhor do que este dia?
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Vejo algo de Deus em cada uma das vinte e quatro horas, e vejo-o em cada momento que passa,
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Vejo Deus no rosto de homens e mulheres e no meu próprio rosto ao espelho,
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Encontro cartas de Deus espalhadas pela rua, todas assinadas com o seu nome,
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E deixo-as onde estão pois sei que vá para onde for,
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Chegarão sempre outras pontualmente.”
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Walt Whitman
"Canto de Mim Mesmo "

terça-feira, 15 de setembro de 2009

DA LIBERDADE...

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Fotografias / Sentidamente


SÓ EU

Nas minhas mãos,

em fluir de palavras

encontro a liberdade.


De mim, na aceitação de tudo,

moldo a minha verdade,

e escrevo o que sinto

de mais profundo.


Por mim, só eu,

frágil figura perdida,

em luta constante,

na vastidão do mundo
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domingo, 13 de setembro de 2009

OLHANDO LISBOA

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Fotografias / Carlos Mendonça - Rio Tejo

“ESTUÁRIO DO TEJO

É um quadro surpreendente para muitos dos forasteiros, mas até os lisboetas estão ainda pouco habituados a esse espectáculo: flamingos no Tejo. O estuário é uma das mais importantes zonas húmidas da Europa, um santuário para peixes, moluscos, crustáceos e, sobretudo para aves que aqui param aquando da sua migração entre o Norte da Europa e África. É o maior estuário da Europa Ocidental, com cerca de 34 mil hectares, e alberga regularmente mais de 50 mil aves aquáticas invernantes (flamingos, patos, aves limícolas, etc.). A Reserva Natural do Estuário do Tejo foi criada em 1976, abrangendo uma área de 14 560 hectares e tem como símbolo uma outra ave emblemática: o alfaiate, cujo nome deriva do facto de ter o bico muito fino e curvo e alimentar-se com movimentos laterais no sedimento, como se estivesse a “cosê-lo”.”

Texto retirado do folheto: Roteiro 1 – EM LISBOA, à descoberta da ciência e da tecnologia – VAGUEANDO PELAS RUAS.
Câmara Municipal de Lisboa e Pavilhão do Conhecimento Ciência Viva.

sábado, 5 de setembro de 2009

RONDA

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Fotografoa / Sentidamente
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Só lembrança vaga, o inebriante perfume,
pelo viver primaveril,
desde cada amanhecer até à nova madrugada.

Em saudade, envolvo os sonhos
do alaranjado pôr de sol
do meu Verão.

No Outono, reconheço a luz da sabedoria
e pisando folhas mortas,
recolho a esperança no renovar da vida.

Será que ainda, de azul vestirei o meu olhar,
no cinzento entardecer de Inverno?