sábado, 29 de agosto de 2009

NA PRAIA DA ILHA DO PESSEGUEIRO

Fotografia / Sentidamente

A luz bate na água

E o seu reflexo prateado

Incide nos olhos cansados.

As ondas irrompem no quotidiano

Quebrando-se na Ilha,

Afloramento e refúgio,

Parada no Oceano!


Os medos de hoje,

Afogam-se nas marés raivosas

E esfumam-se,

Ensopando areias sequiosas…


O mar esteve sempre lá…

Suportou homens com bizarras vestes,

Apodreceu cascos de velhos barcos,

No desdobrar de tempos inauditos…


Na praia, uma bola rola na areia.

Corre uma criança a apanhá-la…

O sempre, lembrando o amanhã,

Linha contínua mas quebrada

Nas intermitências do agora.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

FÉRIAS!... PRAIA e LIBERDADE com SOPHIA

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Fotografias / Sentidamente

Praia

Os pinheiros gemem quando passa o vento
O sol bate no chão e as pedras ardem.

Longe caminham os deuses fantásticos do mar
Brancos de sal e brilhantes como peixes.

Pássaros selvagens de repente,
Atirados contra a luz como pedradas,
Sobem e morrem no céu verticalmente
E o seu corpo é tomado nos espaços.

As ondas marram quebrando contra a luz
A sua fronte ornada de colunas.

E uma antiquíssima nostalgia de ser mastro
Baloiça nos pinheiros


Liberdade

Aqui nesta praia onde
Não há nenhum vestígio de impureza,
Aqui onde há somente
Ondas tombando ininterruptamente,
Puro espaço e lúcida unidade,
Aqui o tempo apaixonadamente
Encontra a própria liberdade.

Sophia de Mello Breyner

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

FELIZ ANIVERSÁRIO

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Fotografia / Senidamente

O ano passado ofereci-te estas palavras que hoje relembro reiterando a sua actualidade. Um beijinho de parabéns.

SER AMIGA

Generosidade!
Sem âncora de crença ou de idade.
Só, expressão duma verdade.

Compreensão!
Sem julgamento ou senão.
Só, o estender duma mão.

Ajudar!
Sem nada em troca esperar.
Só, o dom de saber escutar.

Amizade!
Sem pretensão ou vaidade,
Só, dádiva com humildade.

(Para a Lena Limpinho com gratidão)
2008

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

NO JARDIM

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Fotografias / Sentidamente
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Quero ser paz, no voar da pomba branca.
Na ternura da rolinha, quando canta.
No voltear da avezinha, junto ao ninho.
No abanar da folhagem, no caminho,
Segredando, em confidente sussurro,
À hera que vai trepando pelo muro,
Ou ao renque de balsâmico jasmim.
Quero ser paz, no silêncio dum jardim.
Onde tudo coexiste, em harmonia,
Onde tanto acontece, num só dia!

Quero o equilíbrio, que tem a natureza.
Onde a bonina, singela, ri ao sol que a beija,
Na timidez incerta, de dia invernoso,
Com tanto de molhado, como de luminoso!
Onde o pombo, arrulha ao seu amor,
Rasando a asa pelo chão, ao som do clamor
Da água, que gota a gota se desagrega,
Para num repuxo, se abandonar em entrega.
Água a cair na água, em cantante ladainha,
Onde o convite ao sonho, se adivinha!

Onde a folha ondulante, se desprende,
E num voo dançante, cai suavemente
Num tapete, de já mortas irmãs suas.
Brinquedo, à mercê do vento, pelas ruas!
Onde as pedras, ganham musgo esverdeado,
No passar dum tempo, infinitamente esperado!
Onde o sol é a maior fonte de vida, luz e calor.
Onde a chuva bem vinda, bate com furor.
Onde, como intrusa, passeio ignorada.
Pois sou um acidente… Pouco mais que nada!