sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

RECORDAÇÕES

Fotografia / Sentidamente

Tantas aves já voaram!
quantos espaços vazios!
As lágrimas que assomaram
são quebras nos desafios.
São saudades dolorosas
e ainda tesouros de encanto.
Ervas daninhas e rosas
rastejando em campo santo…

Não há regresso ao passado.
Nem retomar dum momento.
Tudo vai sendo mudado
em contínuo fluir lento…

Sempre existe, só agora.
O resto, foi, ou será.
Agarra bem cada hora!
Vive-a! Não voltará!
E os que são vida contigo,
em dias, meses e anos,
dá-lhes troco de amigo.
Não alimentes enganos.
Quando houver separação,
por destino consumado,
guarda bem no coração,
esses tesouros do passado.

Jesus Varela


terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Esclarecimento

Amigos visitantes!

É objectivo deste espaço publicar poemas de minha autoria, de vez em quando intercalando outros autores, sempre ilustrando com fotografias tiradas por mim.

Sempre coloquei no fim do poema a autoria quando a mesma não era minha. Nesta última situação transcrevia somente o poema.

Nas etiquetas, no primeiro caso colocava" as minhas escolhas" e no segundo "as minhas escritas".

A partir de certa altura, resolvi também colocar a autoria nos meus poemas. Quando comecei a editar optei por um pseudónimo Jesus Varela, que compus com parte do meu próprio nome, sendo dessa forma que identifico os meus escritos.

sábado, 11 de fevereiro de 2012

NEVOEIROS

Fotografia / Sentidamente

NEVOEIROS

Não vejo o mar,
ouço-o murmurar…
Não vejo as ondas,
adivinho-lhes movimento…

Propaga-se rasto gritante
de gaivota perdida,
morno sopro,
em brisa transmutado…

Por magia, finito e infinito
acontecem aqui e agora;
Ser longe ou perto
deixa de ter sentido;
Certo e errado
perdem-se na medida…

Há um além de abismo
escondido atrás de tudo…

O tempo é suspenso
na hora indefinida.
Caem arrastadas no fumo
derradeiras dúvidas …

Persistentes imagens guardadas
são certezas adquiridas
e servem de amparo…

Passos dados no vácuo
ancoram na verdade adivinhada…

Há sempre um cais, surgindo do nada.

Jesus Varela

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

MOMENTOS...

Fotografia / Sentidamente
DESENCANTO

Deixo-me embalar
pelo bater do vento na janela.
Estremeço à insistência da luz,
ofuscando-me o olhar.

Automatismo de mim
imprime rumo aos passos!
À força da gravidade
abandono os braços!

Multiplico gestos,
…desgasto lágrimas,
…soluço desencantos,
de tudo escondida
na penumbra dos recantos.

Adormeço por ser tarde
recusando-me ao sol posto!

Perdi a caminhada no asfalto
e vou insegura nas bermas da vida!

Rotina! Monotonia da repetição,
na espera consentida…

Acolhida à sombra do previsto,
há muito perdido o além da conquista,
e no desgaste dos dias preciosos,
sempre a navegar nos nadas sobejados,
com a luz do descrédito a bailar em mim,
desencanto-me porque sou assim!

Mas! Esquecida de viver a vida,
Continuo cegamente abrindo portas,
em becos sem saída.

Jesus Varela