terça-feira, 24 de maio de 2011

ESTOU AINDA

. Fotografia / Sentidamente

No outro lado de mim, estou ainda.
Tons de amenidade, quero assumir.
Qualquer réstia de sol, será bem vinda,
se me trouxer paz, e crença no provir.


Vivo, num mirar constante em espelho fundo.
Anulo-me e resto só, petrificada.
Vejo passar lentos, os dias deste mundo,
numa passividade de ave embalsamada.
Faço tempo, no virar de qualquer esquina.
Piso todas as irregularidades das calçadas.
Vou vestindo velhos trapos de menina,
a fingir grandiosos, os pequenos nadas.

Dentro de mim, ainda guardo esperança.
Mas sempre receosa, fico alerta…


Vivo, num oscilar constante de balança
que perdido o fiel, se desconcerta.

Jesus Varela

7 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. MQuerida, a "balança" sem "fiel" não serve para nada, e tu oscilas, vives! Mesmo embalsamada, a ave tem um coração que vibra e clama por VIDA... devagarinho, para chegar longe, onde te esperam todos os que te amam e precisam de ti. Sorri e afaga a "MENINA" cujos trapos rebuscas e ela ajudar-te-à! Um apertado abraço.

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  3. não sejas assim...

    olha bem a beleza da ave (penso ser uma garça, será?) que fotografaste. a sua elegância em pormenor, o seu ar erecto e firme, segura de si, olhando fixamente tudo o que a rodeia, mas onde só ela conta, só ela é importante, só ela decide o seu voar, onde, quando e porquê.

    não sejas assim...

    tens um olhar que revela bem, pela foto, e esta não é única, o sentido que queres, desejas, rumar de mão dada com a esperança. será que não sentes a força da esperança? será que ela não te convençe que só existe esse caminho? aquele que revelas nas tuas fotos... a beleza, o agradável, o sentir prazer?

    não sejas assim...

    olhares o espelho, muitas vezes, fazes com que ele se embacie e aquilo que ele reproduz fica sem nitidez, daí o ficares "petrificada". ele dá-te uma imagem cada vez mais longe, que em nada corresponde ao sentido que queres seguir, de mão dada com a esperança.

    não sejas assim...

    ensina ao fiel da balança qual a sua importância. mostra-lhe que ele serve para pender no sentido do nosso querer, e não te podes esquecer que estás de mão dada com a esperança, o peso será maior e o fiel penderá, muito mais, para esse sentido.

    não sejas assim...

    dá à esperança o prazer de estar de mão dada contigo e sentir que confias nela.
    de mão dada com a esperança, o receio não tem lugar.

    não sejas assim...

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  4. Amiga,

    desculpa estar como anónimo, mas há problemas técnicos com o Blooger, e só se consegue comentar como anónimos.

    Bjnho
    "retrato"
    http://palavrasempalco.blogspot.com

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  5. Talvez só esteja confusa, e o fiel exista.

    Talvez, ainda alguém precise de mim.

    Talvez esse brado, rumor longínquo, seja nergia ao meu oscilar.

    Talvez a tábua de salvação esteja na menina

    Talvez…talvez…talvez…
    Na dúvida reside a esprança.

    Abraço apertado, QUERIDA ZÉ

    Sentidamente

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  6. Amigo!
    A garça, pousa solitária sobre um talude recem imerso da água, ainda a escorrer lodo, para que conste ser seu, um habitat nada celestial… Mesmo que a foto tenha beleza, ambiguo é o real, porque transmutado pelo alhar que o interpreta. Conceitos como: belo, agradável, prazer, não são universais nas significâncias e capacidades de os sentir.

    Mas de ti que te dizes “espelho”, aceito o conselho de sem meditações ou dúvidas, assumir a imagem e o seu reflexo.

    Não queria ser assim! Se no fiel da balança reside o equilíbrio, armada com a esperança, vou tentar encontrá-lo e amarrá-lo para não o voltar a perder…

    Muito grata por tão belo e sentido comentário. Um abraço

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  7. bonito comentário aquele que leio, evidenciando a sensibilidade em acarinhar as palavras e dar-lhes sentido interpretativo na sua forma mais pura e dedicada conseguida vinda de dentro de ti... a poesia.

    obrigado
    "retrato"

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