segunda-feira, 30 de maio de 2011

GAIVOTA

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Fotografia / Sentidamente
És segurança alada em voo picado.
Significas o premente desejo de partir.
No temporal, és vento amainado.
Na fúria do mar, som de bramir.
És o sonho, a leveza, em ir e vir.
Sereno voo, por brisas bafejado…

Aliança eterna, com o mar profundo.
Habitante de margem, sem idade.
Atento perscrutador do mundo
num horizonte, sempre novidade.
És cortar de ondas, com temeridade,
espelho estilhaçado a cair no fundo…

Um pouco de mim és, gaivota perdida:
ciclando esperas, poisando rochedo,
cheirando odores de alga esquecida,
entre ácidos sons e incutido medo.
Mas vais singrando dias sem degredo
e passa latejando, fulgorosa, a vida.

Jesus Varela

2 comentários:

  1. "...num horizonte, sempre novidade"

    minha Amiga,
    a gaivota tem um gosto maravilhoso... o mar.
    ela o escolheu como companheiro eterno, e não é a sua face temporal, tantas vezes com consequências drásticas, que a faz desistir de se sentir de bem com ele. no fundo, ela sente-se segura porque sabe que a sua relação, em comunhão com o mar, tem sempre algo de novidade a cada nascer do Sol, a cada nova maré. é esta esperança, este acreditar, que a motiva a um voar suave, de asas bem abertas e olhos fixos nele, o seu mar.

    Amiga,
    não sejas injusta contigo, com o teu coração. espera pelo teu (novo) mar, pela maré que ele trás vestida... confia, acredita, não deixes de "voar".

    "retrato"

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  2. MQJUJA,

    Toda/os somos gaivotas, só não temos a
    destreza, a persistência do seu planar.
    O seu grasnar é bem o som universal que nos convida a mergulhar no seu Oceano de esperança de vida e de recuo perante os abismos que nos espreitam a cada passo!!!
    E, dás-me razão, reconheces "...vais singrando dias sem degredo e passa latejando,fulgurosa a vida".
    Beijo.

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