domingo, 27 de junho de 2010

BALANÇO

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Julian Schnabel - Portrait of. jacqueline, 1984 (pormenor)- Óleo, cerâmica e cola)
Colecção Berardo
Fotografia / Sentidamente

Tantas vezes me perdi sem labirinto.
Tantas outras, sem bússola me encontrei.
Tanto sim ouvi, nítido e distinto.
A morrer em não, porque os desgastei.

Confiei segredos, à tarde serena.
Devolveu-mos ela, espalhados no vento.
Fui regato fresco, cantando em avena
e fui leito seco, em caminhar lento.
Soprei mil pétalas em imaginário rosto,
desejando manhãs sem madrugadas.
Afastei as sombras rubras ao sol posto
e amei noites, de estrelas pontilhadas.
Carreguei sobre os ombros tanto peso!
Sucumbi aos arranhões de tanta garra!
Mas alcandorei castelos, inventei defeso.
Teci loucos sonhos de beleza rara…

Lutas que perdi… guerras que ganhei,
são ela por ela, igual o resultado.

Prende-me à vida, aquilo que não sei.
Esperança, num amanhã ignorado.

Jesus Varela


3 comentários:

  1. Minha querida
    Lindo poema, sentimentos de todos nós.
    Muito belo.

    Beijinhos
    Sonhadora

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  2. E é a grande verdade, "o amanhã ignorado".
    É o "hoje" que nos envolve e nos desperta a quereres que se revelam em ti, pelo bonito poema que conjuga, excelentemente, com a tua veia de fotografa.

    bj

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  3. Extraordinário!
    Palavras para quê?
    bji

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