sábado, 5 de junho de 2010

QUIMERA

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Fotografia / Sentidamente

Eu quis um violino no telhado
e uma arara exótica no banho.
Eu quis uma toalha de brocado
e um pavão real do meu tamanho.
Eu quis todos os cheiros do pecado
e toda a santidade que não tenho.
Eu quis uma pintura aos pés da cama
infinita de azul e perspectiva.
Eu quis ouvir a história de Mira Burana
na hora da orgia prometida.
Eu quis uma opulência de sultana
e a miséria amarga da mendiga.
Eu quis um vinho feito de medronho
de veneno, de beijos, de suspiros.
Eu quis a morte de viver dum sonho
eu quis a sorte de morrer dum tiro.
Eu quis chorar por ti durante o sono
eu quis ao acordar fugir contigo.
Mas tudo o que é excessivo é muito pouco.
Por isso fiquei só, com o meu corpo


Rosa Lobato de Faria

6 comentários:

  1. Não conhecia este poema.Gostei imenso.Vou guardá-lo na caixinha das recordações.Um bj.

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  2. Belíssima fotografia!
    Belíssimo poema!
    ;)

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  3. Minha querida
    lindo poema, uma boa escolha.

    Beijinhos
    Sonhadora

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  4. Dos primeiros livros de poesia que me ofereceram foi precisamente da Rosa, já o li várias vezes, acho linda a poesia dela.
    Sem dúvida uma boa escolha.

    beijinho
    natalia

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  5. Verdadeiro retrato duma quimera, este poema é lindo! Pelas imagens poéticas, ritmo, leveza, até pelo forma como termina.

    Escolhi-o por mim, mas também para vós. Por ter ido ao encontro do vosso gosto, fico feliz.
    Um beijinho a todas.

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  6. Um poema "riquíssimo"!
    Também não tinha tido o prazer de o ler, Juja.
    Combina perfeitamente com a imponente imagem do pavão.
    Bj.

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