LENTA DERROCADA
O Tempo parou, na casa caída.
Mas foi o mesmo tempo
quem sarou a ferida…
Resvalante grão de pó.
Subtil, invisível e constante
no abrupto declive intemporal.
Desagregam-se pedras, areia e cal.
Morte lenta da velha estrutura.
Condenação ao esquecimento sepulcral.
Pouco vai sobrando. Tudo abandonado!
Um dia, casa dos afectos, meu abrigo.
Cais ausente. É agora barco naufragado,
desfeito porto seguro, perdido amigo!
.
A dor aguda das faltas muito amadas
foi-se diluindo no amargo das lágrimas,
de tão velhas, hoje já não choradas…
Quando o dedo calca volta a doer.
Mas uma dor longínqua, não gritante…
Ouço o murmurado silêncio a desfazer
a querida casa minha, tão distante!
Jesus Varela
Minha querida
ResponderEliminarSenti-me na nostalgia do teu poema...voltei às origens e vi a casa da minha infância...lindo como sempre ler a tua alma.
Beijinhos com carinho
Sonhadora
A quem não dói? O tempo tudo destrói, onde havia sonhos, risos de criança, o crepitar da lareira, o aconchego, os retratos nas paredes, e tantas lembranças, tudo acaba assim um dia.
ResponderEliminarComo a existência é breve...
Beijinho Mª de Jesus, adorei dar cá um saltinho, é sempre linda a sua escrita, ainda vou ver as suas fotos, também elas sempre bem conseguidas.
Este cantinho continua a ser de visita obrigatória, porque seria ficar mais vazia não apreciar as inspiradas poesias que acompanham as fotos que capta "sentidamente".
ResponderEliminarUm beijinho
Pode doer, e dói, mas deixa que essa "velhinha" descanse com a certeza de que não a esqueces, e todos os dias a alegras com um expressar de momentos ricos de prazeres, bonitos, e muito vividos, numa eterna companhia que não se desfaz.
ResponderEliminarOlha-a com um sorriso. Tens toda essa beleza nas tuas mãos e nós, neste teu...sentido post.