Soneto da Separação
DE REPENTE do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.
De repente, não mais que de repente
Fez-se do triste o que se fez amante
E do sozinho o que se fez contente.
Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.
Vinicius de Moraes
DE REPENTE do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.
De repente, não mais que de repente
Fez-se do triste o que se fez amante
E do sozinho o que se fez contente.
Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.
Vinicius de Moraes
Queria Juja!
ResponderEliminarEste poema é magnífico. Fico sempre emocionada quando o leio. É "um de repente" que acontece, que me arrebata por dentro e me arrrepia a espinha numa sensação de gozo inexplicável, pela beleza da palavra, pela sentida mensagem, pelo ritmo, pelas sonoridades...
Hoje, porque estamos a iniciar mais uma Primavera, aqui lhe deixo este presentinho, agradecendo sempre as palavras que sentidamente me deixa sempre. Jinhos
"Tome lá, minha menina,
O ramalhete que fiz.
Cada flor é pequenina,
Mas tudo junto é feliz.
Teu vestido, porque é teu,
Não é de cetim nem chita.
É de sermos tu e eu
e de tu seres bonita.
Andorinha que vais alta,
Porque não me vens trazer
Qualquer coisa que me falta
E que te não sei dizer?
Água que passa e canta
É água que faz dormir...
Sonhar é coisa que encanta,
Pensar é já não sentir."
Fernando Pessoa,QUADRAS AO GOSTO POPULAR
Lindo poema adorei agora deixo um com cheiro a
ResponderEliminarPrimavera, um grande beijinho.
FLORES
Era preciso agradecer às flores
Terem guardado em si,
Límpida e pura,
Aquela promessa antiga
Duma manhã futura.
Sophia de Mello Breyner
É o sopro da vida, ela mexe não é estática, os afectos, as pessoas, os momentos não páram no tempo, o que é pode deixar de ser, o que foi torna-se memória, saudade que nos aquece!
ResponderEliminarBeijinhos enormes, espero que a nossa amizade se mantenha estática, com movimentos de afectos, olhares e de abraços!
Rita
Bonito poema, também gosto do Vinicius de Morais
ResponderEliminarE tal como ele diz de repente veio-me á ideia e
fiz estas quadras que lhe dedico.
De repente, cabelo branco ficou
Pés,eram leves são agora pesados
De repente o que eu era e o que sou!
Resultado de passos caminhados.
De repente, o que visiono?
Meu espaço é já só penumbra!
Sou flor desfolhando no Outono
A Vida é sombra, o sonho bruma.
De repente, tenho esta idade
Que me põe triste e desolada!
Por isso me acompanha a saudade
Da imagem que já de mim se apaga
A palavra de repente não me trouxe á memória nada mais alegre.
Beijinho
rosafogo
Este poema de facto é uma maravilha assim como outros que constam dum livro que possuo e leio desde 1969. Referência, ter sido este poema musicado por Carlos Jobim, que juntamente com o poeta iniciaram o movimento conhecido como bossa-nova numa renovação da música popular brasileira.
ResponderEliminarObrigada pelas flores e outras belas imagens literárias que pela criação de Pessoa me ofereceu em celebração da Primavera agora chegada,e que desejo,nos traga a paz e alegria necessárias a podermos apreciá-la em pleno.
beijinhos
Mais uma vez me esqueci de referenciar que o comentário anterior se dirigiu a banalidades.
ResponderEliminarMaria José!
As flores de facto, são o início dum ciclo de renovação que sabemos, vem de longe e se prolongará no tempo… Leio esta ideia tão simples, do nosso conhecimento, nas palavras de Sofia, ditas dessa forma sublime! Obrigada por mas dedicar.
Um beijinho e tudo bom para si.
Olá Rita!
ResponderEliminarHoje domina aqui a poesia, de forma assumida ou não. Há pessoas que mesmo proseando fazem poesia. Eu acho que a sua escrita é assim…
Agora respondendo ao conteúdo do seu comentário: É verdade ! A vida caracteriza-se por um dinamismo constante e que determina “um” hoje e “outro” amanhã. Esta constante mudança ao longo do tempo, é uma lei e com ela convivemos, a nosso desejo ou a contra gosto…
Também me apraz e quero manter a nossa amizade.
Um beijinho terno
Natália! Parabéns!!!
ResponderEliminarJá a sabia repentista! E não se preocupe por não ser alegre a sugestão que o “de repente” lhe trouxe. Sendo espontâneo o que sentiu e aqui deixou, estou grata e lisonjeada… Pois resultaram três quadras muito bonitas. Eu sei que a sua poesia expressa frequentemente uma nostalgia pelo passado mas também a sei alegre e combativa na forma de viver…
Um beijinho amigo para si.
Constato que, este Blog, já devia estar "aqui", há muito tempo, Juja!
ResponderEliminarVerdade!!!
Está uma preciosidade!
Que bom é vir até aqui, sei que vou encontrar sempre belíssmas surpresas!
Tudo bom para si, Juja.
Brevemente vou vê-la...
(como é que se chama mesmo a pastelaria, será a Nani?)
Um beijnho :)
Olá
ResponderEliminarAinda voltei para lhe deixar uma frase de Vinicius de Morais que diz o seguinte:
A Vida é a arte do encontro,
embora haja tantos desencontros pela vida.
Um beijinho, boa semana
rosafogo
Teresinha! Esta janela virtual é sua! Sempre que queira e possa venha que gosto de a receber e aprecio os seus comentários. Se, no que aqui tenho deixado, fui ao encontro dos seus gostos fico muito contente.
ResponderEliminarPor falar em encontro! Está então para breve? Acho que sei qual é a pastelaria. Não sei exactamente se é esse o nome, mas penso que sim ou muito parecido.
Beijinho e até lá!
Será que esses desencontros se devem ao “acaso” ou à falta de “arte do encontro”?
ResponderEliminarUm beijinho Natália.