domingo, 18 de março de 2012

OUTONALIDADES

Fotografia / Sentidamente

Rolam folhas de Outono nos relvados,

nostálgicas, perdidas, agonizantes…

São meus sonhos espezinhados,

em farrapos, perdidos viajantes.


Cai-me nostalgia dos olhos,

passeantes em velhos campos desbotados.

Entre marés de mel e abrolhos

chegam-me ainda sons lembrados…

Longínquo estrondo de cascata,

hoje perdido sonar em espaços ocos,

outras Primaveras e outra data,

doce esbracejar dos dias loucos.


Pauso lutas nas trevas esquecida.

Soam ao longe Ave-Marias,

anúncio vago duma outra vida

afundada num tempo já sem dias...

Não será longa a estrada aberta!

No caudal de tempo tropeçando,

agrura dum coração que aperta,

degrau a degrau, a noite vai chegando.


Jesus Varela

2 comentários:

  1. Minha querida

    Como o teu poema fez eco na minha alma de tanto que falou de mim.

    Beijinho com carinho
    Sonhadora

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  2. Querida Sentidamente:

    Apesar das realidades escondidas nas Outonalidades e que têm sempre a marca do nosso sentir... o Outono tem uma luminosidade que faz com que as folhas mesmo esfarrapadas se transformem em belos rendilhados que acompanharam outras estações das nossas vidas !
    A noite chegará sempre que quizer-mos e perder-mos o pé no último degrau... há trilhos tão dolorosos !!!
    Um terno abraço.

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