segunda-feira, 18 de maio de 2009

DESVENDANDO LISBOA


Lisboa - rua no Bairro da Bica
Lisboa - fachada da Brasileira do Chiado

Lisboa - vista do Alto de Santa Catarina
Fotografias / Sentidamente

De qualquer ponto alto da cidade de Lisboa, avistamos um amontoado de telhados avermelhados, derramando-se entre vales e colinas e interceptado por ruas de tonalidades acinzentadas, umas direitas e outras mais sinuosas, num parecer estático e parado no tempo actual.
Mas a cidade também é vida a palpitar no dia a dia, pelo movimento contínuo de veículos e de pessoas indo e vindo, e pelo constante e característico barulho de fundo, como que um ruidoso respirar citadino, aglomerando pedaços de conversas e sons de carros, autocarros, aviões entre muitos outros.
A cidade é uma entidade dinâmica que vai mudando continuadamente, ao nível estrutural e vivencial. Tem uma história que foi deixando escrita ao longo do tempo. As suas pedras falam do passado, através dos musgos que as cobrem, mas também podemos ler nelas os acontecimentos e factos a que assistiram ou que lhes deram origem. São assim os monumentos, os palácios, palacetes, as típicas casas humildes…
A cidade foi crescendo sucessivamente conforme movimentos demográficos, e migratórios provocados por factores dominantemente sociais. A sua situação geográfica, a proximidade do rio e fenómenos naturais, como terramotos, também lhe determinaram profundas alterações.
Hoje estamos a deixar as nossas marcas. Passou o tempo dos pregões pelas ruas e das compras à porta ou nos pequenos estabelecimentos. Compra-se por atacado nos supermercados e hipermercados onde também se vai passear, ver montras ou simplesmente olhar o fluente movimento de pessoas a passar. Até os cafés, lugares de encontros e tertúlias, vão acabando sucessivamente para dar origem a espaços comerciais. Acabaram-se as conversas nas esquinas das ruas ou de janela para janela, onde os vizinhos se conheciam. Trancam-se as portas e olha-se desconfiadamente para quem viaja ao nosso lado, ninguém confia em ninguém.
Crescem os bairros suburbanos, como cogumelos, incaracterísticos e frios. Nascem e desenvolvem-se os luxuosos e caros condomínios fechados dentro da urbe, reconstruindo-se velhos edifícios, reabilitando-se palacetes e característicos recantos que no passado tiveram uma história e foram por exemplo, vilas operárias…
Para se saber um pouco mais do que foi e hoje é a cidade, a Câmara Municipal de Lisboa realiza passeios temáticos. Rota da Seda; Lisboa dos Aguadeiros; Lisboa dos Descobrimentos; Lisboa Romana; Lisboa Moura, entre outros. São percursos pedestres guiados, através de zonas específicas da cidade, parando nas ruas para falar das características arquitectónicas e das memórias históricas e sociais, visitando palácios, monumentos e igrejas. Por vezes, esses percursos estão ligados a figuras proeminentes que aí nasceram e viveram (Lisboa de Fernando Pessoa; Lisboa de Cesário Verde; Lisboa de Bordalo Pinheiro, etc.).
Estas visitas, absolutamente gratuitas requerem marcação prévia e têm grande afluência mas valem a pena. Já fiz algumas e conto continuar.
Pretendo que este texto seja uma introdução a outras postagens que intercaladamente irei publicando onde falarei da informação recolhida nesses percursos que vou efectuando.

Contactos:

Itinerários Temáticos
Câmara Municipal de Lisboa Direcção Municipal de Cultura
Divisão de Programação e Divulgação Cultural

Tel. 21 817 06 00 Fax: 21 817 05 47
E-mail: itinerarios.tematicos@cm-lisboa.pt

14 comentários:

  1. É uma cidade fotogénica, faltou dizer isso - não retirando mérito ao olho da fotógrafa ;)

    Eu, que sou lisboeta há pouco mais de um ano, concluo que restringi os meus passeios pela cidade desde que me mudei. Acho que tem a ver com as circunstâncias do trabalho e do estudo, além de alguma preguiça. Vinha mesmo a calhar ver umas rotas desvendadas, com prosa e imagem da tua autoria. Venham mais postagens!

    Beijinho, f.q.

    ResponderEliminar
  2. Que "delícia", Juja!
    Vou ter de voltar aqui, porque agora, estou mesmo...mesmo...mesmo, de saída.
    Até já!
    (se calhar, vou vê-la no Domingo)!!!...
    Vou ligar para casa.
    Beijinhos (^_^)

    ResponderEliminar
  3. Belas fotos, Lisboa é sempre bela !!!
    Gostei muito do que li como sempre, um grande beijinho [~_~] amiga Juja.

    ResponderEliminar
  4. Que lindo que está o Blog, gostei imenso, e Lisboa é linda, é pena eu ir poucas vezes só quando os filhos me levam, conheço pouco, um beijinho.

    ResponderEliminar
  5. Esta Lisboa para usufruir a pé pelas escadinhas, pelos becos, subindo e descendo, descobrindo recantos é uma Lisboa desconhecida da maior parte das gentes, mas o que tenho a sorte de conhecer é sem dúvida "esta Lisboa que eu amo"

    ResponderEliminar
  6. Temos uma Lisboa diferente mas, igualmente bela, Juja.
    Eu gosto muito da nossa Capital.
    Basta estarmos atentos ao que se nos oferece e escolhermos também nós os percursos.
    Como este, por exemplo: Dar uma "voltinha", pela Feira da Ladra; com o Panteão ali ao lado, que merece uma demorada visita, (a não perder); de seguida o Convento de S. Vecente de Fora, para visitar mas também, onde se pode almoçar, e no fim escolher entre as belíssimas sobremesas que são, "O manjar dos Deuses".
    Depois, subir até ao Largo da Graça e procurar o Café Portela, para um cafezinho, e não só...
    Surpreenda-se com tudo o que vir na sua frente.
    (Às terças tem uns fofos de Belas, de comer e chorar por mais... :)

    ResponderEliminar
  7. O que é ser lisboeta? É nascer, crescer ou viver em Lisboa?
    Tenho-me apercebido através destes passeios que passamos diária ou frequentemente pelos locais e não os vemos, ou antes, não reparamos, não atentamos neles. Estão lá e abertos á nossa observação! Não é uma novidade, o poeta já o disse (“Passamos pelas coisas sem as ver…) – Eugénio de Andrade.
    Beijinho para a f.q.

    ResponderEliminar
  8. Olá Ana!
    Lisboa é de facto uma cidade muito bonita! Com zonas muito movimentadas e barulhentas e outras, onde reina o silêncio, onde pela estreiteza das ruas não passam carros ou passam poucos, porque ficam longe do coração da cidade.
    Foi bom "falar" contigo.
    Um beijinho Ana.

    ResponderEliminar
  9. Olá Maria José!
    Arranjei uma nova face! Parece que está a agradar. É importante que as visitas se sintam melhor!
    Quem mora em Lisboa, normalmente também conhece pouco da cidade em termos extensivos e até de pormenor nas zonas que conhece. A Maria José não pode vir e aos residentes falta o tempo para conhecer. Vive-se correndo de um lado para outro. Quando há tempo livre, prefere-se ir arejar para mais longe. É natural! Só depois de reformada me dediquei a conhecer melhor a cidade.
    Beijinho para si

    ResponderEliminar
  10. Olá lami!
    Encanta subir as escadinhas gastas por tanto serem pisadas ao longo do tempo! Ver o céu numa nesga pequenina, lá ao cimo de prédios que frente a frente quase se tocam, deixando uma estreiteza de rua para passarmos e onde as roupas coloridas estendidas a secar, se agitam ao vento que vai e vem, numa frequência de amigo que já ganhou lugar!
    Tanto mais para dizer, desta Lisboa “amada”!
    Obrigada e um abraço.

    ResponderEliminar
  11. Teresinha!
    É incontestável o que diz! Só quis frisar o processo de mudança que estamos a imprimir. Do belo que a cidade hoje nos oferece irei falando posteriormente. A cidade passou por uma fase de quase despovoamento residencial. Hoje está a recuperar mas a oferta de residência nas zonas mais carismáticas da cidade é destinada principalmente a uma elite endinheirada. Claro que se recuperaram bairros típicos onde maioritariamente residiram pobres o que nalguns casos ainda acontece. Aproveito para frisar que o hoje nos trouxe algo de maravilhoso, a consciência do valor do nosso património, traduzida na necessidade de restaurar, preservar e mostrar, tornando de uso público espaços recuperados, e uma preocupação de enquadrar novos edifícios em espaços antigos. Acresce que há uma multiplicidade de eventos de caris cultural, espalhados pela cidade em horário pós laboral, muitos deles de entrada livre.
    Quanto á sua sugestão é óptima. Conheço parte desse percurso. Essas maravilhas gastronómicas são mesmo do tipo das que constam no “pecados veniais”onde só falta o “pronto a servir”.
    Bem haja e provavelmente até breve! ;););)

    ResponderEliminar
  12. Que belas fotos!
    Eu a pensar que era boa na fotografia, mas depois de ver estas?!Adoro pormenores como
    esse da «Brasileira».Como gosto de cantar as tão conhecidas canções que falam de Lisboa!É realmente uma cidade bela, mas enquanto que nas cidades que visitei pouco ou nada me escapa, aqui, passo por certas coisas e nem dou
    conta.

    Passei, também para lhe desejar um bom fim de semana, com muita saúde e boa disposição.

    Um beijinho
    Natália

    ResponderEliminar
  13. Olá Natália!
    Todas essas fotografias foram tiradas nos passeios de que falei na postagem. A fachada da Brasileira tirei num percurso que se chama “Lisboa de Fernando Pessoa”.
    É sempre assim, aquilo por onde muito passamos já não vemos! É necessário parar, esfregar os olhos para sacudir essa névoa e reparar no muito de belo que está perto! Já quando viajamos, o objectivo é mesmo ver.
    Bom fim de semana também para si.
    Um beijinho

    ResponderEliminar