MISERERE
Perdoai-me Senhor!
Perdoai-me, que eu não sabia…
No meu palácio
Batido por todos os mares de coral!
Encastoada de espumas,
e rendas,
e européis,
coberta de cetim e de anéis,
no meu palácio de ilusão
onde cantam sereias pela noite dentro,
Senhor!
eu não sabia nada…
Foi preciso que o céu se cobrisse
de nuvens negras,
e a tempestade sacudisse
a solidão dos meus salões,
para que eu, transida de medo
descesse aos subterrâneos do meu palácio,
em busca de protecção
e calor…
E nos subterrâneos…
só encontrei dor maior que a minha…
medo maior que o meu…
e loucuras,
e suor,
e fome,
e ódio frio,
e revolta surda,
e o cheiro putrefacto dos corpos
Que trouxe a maresia…
Ah! perdoai-me Senhor!
Perdoai-me…
que eu não sabia.
Março de 1949
Alda Lara
Perdoai-me Senhor!
Perdoai-me, que eu não sabia…
No meu palácio
Batido por todos os mares de coral!
Encastoada de espumas,
e rendas,
e européis,
coberta de cetim e de anéis,
no meu palácio de ilusão
onde cantam sereias pela noite dentro,
Senhor!
eu não sabia nada…
Foi preciso que o céu se cobrisse
de nuvens negras,
e a tempestade sacudisse
a solidão dos meus salões,
para que eu, transida de medo
descesse aos subterrâneos do meu palácio,
em busca de protecção
e calor…
E nos subterrâneos…
só encontrei dor maior que a minha…
medo maior que o meu…
e loucuras,
e suor,
e fome,
e ódio frio,
e revolta surda,
e o cheiro putrefacto dos corpos
Que trouxe a maresia…
Ah! perdoai-me Senhor!
Perdoai-me…
que eu não sabia.
Março de 1949
Alda Lara
Por falar em África, não é?
ResponderEliminarMuito comovente este poema da Alda Lara. Para mim, que interrompi o trabalho sobre a guerra colonial para vir espreitar o blog, a leitura política é evidente e as palavras inundaram-me com a força própria das visões literárias. É o poder das palavras. Tal como a miséria, no poema, rompeu o isolamento, a poesia rasga a solidão e lá nos vemos unidos pelas letras que são laços verdadeiros.
A escultura também é evocativa. Mal abri a página e vi uma imagem que desconhecia fiquei curiosa por saber o que ela era. Uma desolação adequada a esta prece.
A tua filha aguarda mais descobertas destas, incluindo a revelação dos teus poemas, mesmo dos que já conheço.
Com amor enlaçado, Catarina
Olá Filha!
ResponderEliminarQue lindo comentário fazes! Interpretaste o poema com profundidade, aliando conhecimentos e sensibilidade. Eu também gosto muito de ambos (poema e escultura). Mas muitíssimo mais e de forma diferente, gosto de ti…
Beijinho MUITO TERNO E MATERNAL
Olha, e eu mal conhecendo também gosto de ti,ó filha da Juja.
ResponderEliminarGostei do teu comentário!
A tua mãe está toda bloguista!
E deve ser uma mãe babada (como todas as mães, claro) e....as tias( como eu) também o são pelas sobrinhas!...
;))))
Bem, vou usar o espaço da mãe para dizer que gosto muito das sardinheiras coloridas que nascem no alentejo e crescem na blogosfera! São fertéis em ideias e arrancam sorrisos (às vezes risos). E que uma vez me cruzei com uma certa sobrinha talentosa - que ainda não vi em palco - e com quem simpatizei.
ResponderEliminarContinuem escrevendo as bloguistas que a leitora apraz-se ;)
Como vê Juja, está de parabéns!
ResponderEliminarQual é o primeiro comentário à sua belíssima postagem?
A filha!
Lindo mesmo!!!
Adorei, a forma como ela envia os beijinhos e os abraços à mãe...
Os filhos são: PRECIOSOS!!!
A escultura, Belíssima!
Quero vir sempre, conferir tudo o que tiver para nos mostrar e, dizer.
Gosto.
Um beijinho.
:)
Pois é, amigas, Carolina e Teresinha. Sou mesmo "babada"poe esta "preciosidade" - A luz dos meus olhos, como a D. Luisa de Gusmão diz da sua filha Catarina de Bragança, no livro que estou a ler ("Catarina de Bragança", de Isabel Stilwell). A Carolina sabe qual é e já conhece o estilo.
ResponderEliminarBeijinhos e até breve.
Adorei, e as coisas que a sua filha lindo,eu só de poucas falas mas gosto sempre de ler as vossas coisas um grande beijo.
ResponderEliminarOlá Maria José!
ResponderEliminarObrigada pela visita e pelas palavras.
Um beijinho para si também.
Amiga Juja, a tua filha só pode sair à mãe !!!
ResponderEliminarPassei e gostei do que li, gostei muito como tua a filha se expressou, um grande beijinho para as duas, espero velas este verão !!!
Oi Ana!
ResponderEliminarPode ser que os filhos tenham algo de nós mas muito mais têm de si próprios, o que marca a sua identidade.
Encontrar-nos-emos. Prometo.
Beijinhos.