Em cima da minha mesa,
Da minha mesa de estudo,
Mesa da minha tristeza
Em que, de noite e de dia,
Rasgo as folhas, leio tudo
Destes livros em que estudo,
E me estudo
(Eu já me estudo…)
E me estudo,
A mim,
Também,
Em cima da minha mesa,
Tenho o teu retrato, Mãe!
À cabeceira do leito,
Dentro dum lindo caixilho,
Tenho uma Nossa Senhora
Que venero a toda a hora…
Ai minha Nossa Senhora
Que se parece contigo,
E que tem, ao peito,
Um filho
(O que ainda é mais estranho)
Que se parece comigo,
Num retratinho,
Que tenho,
De menino pequenino…!
No fundo da minha mala,
Mesmo lá no fundo, a um canto,
Não lhe vá tocar alguém,
(Quem as lesse, o que entendia?
Só riria
Do que nos comove a nós…)
Já tenho três maços, Mãe,
Das cartas que tu me escreves
Desde que saí de casa…
Três maços – e nada leves! –
Atados com um retrós…
Se não fora eu ter-te assim,
A toda a hora,
Sempre à beirinha de mim,
(Sei agora
Que isto da gente ser grande
Não é como se nos pinta…)
Mãe!, já teria morrido,
Ou já teria fugido,
Ou já teria bebido
Algum tinteiro de tinta!
Da minha mesa de estudo,
Mesa da minha tristeza
Em que, de noite e de dia,
Rasgo as folhas, leio tudo
Destes livros em que estudo,
E me estudo
(Eu já me estudo…)
E me estudo,
A mim,
Também,
Em cima da minha mesa,
Tenho o teu retrato, Mãe!
À cabeceira do leito,
Dentro dum lindo caixilho,
Tenho uma Nossa Senhora
Que venero a toda a hora…
Ai minha Nossa Senhora
Que se parece contigo,
E que tem, ao peito,
Um filho
(O que ainda é mais estranho)
Que se parece comigo,
Num retratinho,
Que tenho,
De menino pequenino…!
No fundo da minha mala,
Mesmo lá no fundo, a um canto,
Não lhe vá tocar alguém,
(Quem as lesse, o que entendia?
Só riria
Do que nos comove a nós…)
Já tenho três maços, Mãe,
Das cartas que tu me escreves
Desde que saí de casa…
Três maços – e nada leves! –
Atados com um retrós…
Se não fora eu ter-te assim,
A toda a hora,
Sempre à beirinha de mim,
(Sei agora
Que isto da gente ser grande
Não é como se nos pinta…)
Mãe!, já teria morrido,
Ou já teria fugido,
Ou já teria bebido
Algum tinteiro de tinta!
José Régio
Pois é, concordo com o poeta, pensava que crescer fosse bem mais fácil e que ser crescido era porto de abrigo, a salvo de tempestades, tentações, fracassos e dúvidas... e se não fossem os abraços, palavras, presenças de mãe e de pessoas importantes seria muito mais difícil o crescimento e a autonomia! Amiga linda, beijos imensamente saudosos!
ResponderEliminarRita
Coisa bonita e pelo ritmo dado à escrita presente-se logo no início que é José Régio!
ResponderEliminarBoa escolha!
;)
Conheço muito pouco deste escritor, mas achei lindo, lá lembrei outra vez, o fundo da minha mala... É muito belo deixa em nós uma emoção
ResponderEliminardoce.
Hoje estou feliz, minha amiga, não é que fiquei em 3º lugar na votação do AldeiadaMinhaVida?!Não caibo em mim de contente.
Um beijinho grande
Natália Nuno
[...] ai minha Nossa Senhora, que se parece contigo e que tem ao peito um filho[...]
ResponderEliminarQue doçura, Juja.
- Sabe uma coisa?
Nos últimos 15 dias de Agosto tenciono ir a Porto Covo, todos os dias, para ver se a encontro...
Nem que tenha de ir ao Marquês, comer um gelado de cada vez que lá for.
Serão uns 15, (se calhar é demais, lá vou eu perder a linha).
Não faz mal...
É que, estou à espera de poder publicar um tal poema, intitulado: Dia Bom, que foi escrito propositadamente para uma "desconhecida"(?!)
EU!
Abracinho virtual(^_^)
Olá Sentidamente!
ResponderEliminarA blogagem da Aldeia da Minha Vida foi um grande sucesso, graças à sua participação e divulgação.
Convido-o(a) a participar na próxima blogagem de Julho “ Férias na Minha Terra”.
É uma oportunidade única para demonstrar a todos que vale a pena passar férias no nosso país, especialmente na nossa querida terra, seja ela aldeia, vila ou cidade.
Inscreva-se e mande o seu texto até 7 de Julho para o seguinte e-mail: aminhaldeia@sapo.pt
Para premiar a sua participação, vamos atribuir ao melhor post um fantástico prémio e ao melhor comentário também.
Muito obrigado pela sua atenção!
Votos de um feliz dia!
Susana Falhas
Rita! Tenho saudades suas! Bom, é que nos vamos encontrar no próximo fim de semana e esquecer as adversidades e canseiras, juntinho às águas do Douro…
ResponderEliminarA Rita está rodeada dos tais apoios que ajudam a crescer e sabe vê-los na altura certa… Eu penso que estamos sempre a crescer e que as pessoas importantes, nunca deixam de sê-lo, por todos os motivos e por esse também.
Beijinhos e até breve.
Pois é Carolina! Eu gosto muito de José Régio. Tem poemas maravilhosos. Este é um deles. É da sua autoria um dos poemas de que mais gosto, “O Cântico Negro”.
ResponderEliminarBeijinhos
Natália!
ResponderEliminarO fundo da mala, hoje feito cantinho dentro de nós, onde vamos guardando carinhosamente, num molho, atado com fios de saudade, as mais doces recordações dos tempos que passaram e vão passando…
Já sei da novidade. Fui ontem espreitar ao blog da Susana e fiquei muito contente com o resultado que obteve. Já a felicitei no seu blog mas volto a expressar-lher aqui os meus parabéns.
Beijinhos
Se a Teresinha não puder vir ao Porto Covo, eu tentarei ir a Santo André. Mas olhe que não quero ser responsável por adicionar algumas gramas á sua elegância! O Marquês também serve uns cafezinhos gostosos. Eu alinho nessa, embora não tenha, nem de perto, a silhueta da Teresinha!
ResponderEliminarQuanto ao “DIA BOM” não foi dedicado a uma desconhecida mas a uma amiga, embora virtual. Penso que o conhecimento pessoal não alterará muito a estima que já lhe tenho, embora seja meu desejo conhecê-la.
Beijinho amigo.
Agradeço a mensagem da Susana. Vou com certeza seguir esta nova blogagem colectiva. Quanto à minha participação ainda não sei qual vai ser. Mas pelo menos um comentário deixarei.
ResponderEliminarObrigada e até sempre
A fazer planos para as férias? Incluo-me já nesses gelados e cafés, e nas idas a Sto. André, que não conheço e gostava de conhecer. Anseio por descer ao Sul.
ResponderEliminarCatarina, a filha
(Beijo doce, mãe. Poema muito, muito bonito)
Já falta pouco! E lá vamos rumo ao Sul, lavar a alma!
ResponderEliminarBeijocas para a F.Q.