sexta-feira, 6 de novembro de 2009

MANSARDA DE LISBOA

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Fotografia / Sentidamente

Nessa mansarda velhinha,
Janela aberta pra vida,
Quem a vê, não adivinha,
Quanta história nela havida!

E a cortina, abana leve,
Por atrevimento da brisa,
A espreitar, o que não deve,
Em ar de dança imprecisa.

Velha mansarda rasgada,
Num lugar, perto do céu,
Vês o Tejo em caminhada,
Num imenso quadro, só teu.

Tens por limite o horizonte
E no lento, tempo a passar,
Do ontem pra hoje, em ponte,
Quanto tens para recordar!

Vês uns ir, outros chegar,
Em barcos de grande porte.
E aqueles que vão pescar,
Partindo ao sabor da sorte.

Quantos bandos voltearam,
Num voar sincronizado!
Quantas gaivotas pousaram,
À tua beira, no telhado!

Quantas bátegas tilintantes,
Te fustigaram as vidraças!
Quantos vendavais uivantes,
Te anunciaram desgraças!

Quanta gente te habitou!
Quantos já viste nascer!
Quanta vida se apagou!
Nesse teu longo viver!

3 comentários:

  1. A tua poesia é o "retrato" dessa janela!
    Sem tirar nem pôr.
    Bj da,
    Teresinha^_^)

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  2. Concordo com a Teresinha. Um poema fotográfico!
    ;)

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  3. Teresinha e Carolina!
    Engraçado! Se calhar faço nalguma poesia o que não faço na fotografia. Prefiro encontrar motivos que fotografados transmitam uma mensagem temática e raramente as fotografias que tiro são o retrato pormenorizado e claro duma realidade.
    Beijinhos

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