Mulher! Mítica figura. Hoje é o teu dia!
Mulher carne! Mulher nervos!… Mulher alma!
Grita alto, grita muito alto
e recusa tal dádiva humilhante.
Um dia?... Não!
Um dia de homenagem,
um dia de flores,
um dia de poesia?
Não se for só um dia!
Pede mais. Pede tudo o que te é devido.
O lugar ao lado. A igualdade plena.
Não te iludas com inventadas vestes de deusa,
com os acordes melodiosos
dos adjectivos exagerados.
Regressa à tua dimensão.
Tem consciência de ti
e sê MULHER com letra grande…
Tens um presente onde já és muito,
mas ainda não, tudo o que queres ser
e que tão pouco é:
só a igualdade…
Tens num passado de luta, uma história.
E quando foste grande soubeste sê-lo.
Mas o que disseram e fizeram de ti?
Inventaram-te Eva e Pandora,
por curiosidade castigando a humanidade…
Pintaram-te como tentação,
encanto do mal, símbolo do desejo…
Por isso foste e ainda és castigada:
Por adultério morta à pedrada,
em tribuna de adúlteros acusada.
Tiram-te o prazer e a liberdade.
Mutilam-te o corpo, logo à puberdade.
Escondem-te o rosto para não ser visto.
Deixam-te os olhos a brilhar de ansiedade
e a suplicar-te no coração um langor triste…
Matam-te à nascença por indesejada.
Reduzem-te salários por seres do feminino.
Por estares grávida és desempregada.
Não o dizem mas esta é a verdade:
Tens um reino que não é o mundo
e um senhor que não é a vida.
Mas não há mundo sem ti.
É tua a maternidade.
No teu ventre o homem forma-se e cresce.
São as tuas dores que povoam o mundo.
Amamentas, cuidas, acarinhas.
És irmã da natureza nesse sentir de mãe.
Mais pobre na força física
mas riquíssima na força do ânimo,
trabalhas até à exaustão!
E empreendendo lutas de sobrevivência,
és exemplo. Altíssimo estandarte
agitado no passado e no presente.
Joana D’arc, guerreira iluminada,
mulher vencedora em guerras masculinas.
Por tal crime morrendo queimada.
Encarnaste tantas anónimas heroinas,
em lutas dum restrito dia a dia,
tornando grandes as coisas pequeninas.
Mulher mãe, companheira, amante, irmã!
São tantas vezes de oiro os farrapos que vestes!
Como a “Mãe Coragem” reconhecida por Brecht…
É hoje dia de lembrar essa dívida contraída.
De incentivar essa luta sem tréguas a ser continuada,
até que o “Dia da Mulher” seja aquela data inesquecida,
comemorando a igualdade plenamente alcançada.
8 de Março de 2011
Jesus varela
Minha querida
ResponderEliminarUm poema gritando tantas verdades da essência de ser mulher.
Um beijinho com carinho
Sonhadora
Minha Querida, transcrevo para este local sagrado, de lucidez, amizade e muitas afinidades o que já tive oportunidade de dizer,- sinto a garra do teu Poema, toda a revolta, bem revoltada e insignemente demonstrada, mas... repudio um dia para mim, quero-os todos, para ver o que protagonizas ... Igualdade, Dignidade sem FALSIDADE! Só tenho a acrescentar o agradecimento pela maravilhosa foto com que ilustraste o bem redemoinhado POEMA ! Bem Hajas
ResponderEliminarOlá, Juja, vim visitar-te!
ResponderEliminarEncontro os teus "versos", dedicados a todas nós, Mulheres!
Muito obrigada, "irmã da natureza".
Abraço*_*)^_^)