(canto 48)
“Já disse que a alma não é mais do que o corpo,
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E disse que o corpo não é mais do que a alma,
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E nada, nem Deus, é maior para uma pessoa do que ela própria,
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E quem caminha duzentos metros sem amar caminha amortalhado para o seu próprio funeral,
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E eu ou tu que não possuímos um centavo podemos comprar o melhor que a Terra contém,
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E olhar com um só olho ou mostrar um feijão na sua vagem desconcerta a aprendizagem de todos os tempos,
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E não há ofício nem emprego em que um jovem não se possa converter em herói,
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E não há delicado objecto que não possa servir de eixo às rodas do universo,
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E digo a todos os homens e mulheres: que a tua alma permaneça tranquila e serena ante um milhão de universos,
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E digo à humanidade: não sintas curiosidade por Deus,
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Porque eu que tenho curiosidade por tudo não sinto curiosidade por Deus, (Não há palavras que possam definir a paz que sinto em relação a Deus e à morte).
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Escuto e contemplo Deus em cada objecto, ainda que não O entenda minimamente,
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Nem entenda que possa existir alguém mais maravilhoso do que eu próprio.
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Porque é que desejaria ver Deus melhor do que este dia?
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Vejo algo de Deus em cada uma das vinte e quatro horas, e vejo-o em cada momento que passa,
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Vejo Deus no rosto de homens e mulheres e no meu próprio rosto ao espelho,
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Encontro cartas de Deus espalhadas pela rua, todas assinadas com o seu nome,
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E deixo-as onde estão pois sei que vá para onde for,
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Chegarão sempre outras pontualmente.”
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Walt Whitman
"Canto de Mim Mesmo "
"Canto de Mim Mesmo "
DIÍCIL COMPREENSÃO PARA ESTE "CANTO DE MIM MESMO"...Fiquei um pouco baralhada talvez tenha necessidade de o ler mais vezes. Mas gosto de pensar e por isso agradeço a escolha do poema que não me deixou indiferente.Um abraço grande.
ResponderEliminarSimplesmente magnífico! grande texto, belíssimo poema.
ResponderEliminarDeus é assim um de nós; está em toda a parte, em toda a gente e em tudo o que existe! Ele é essência, natureza, vida, morte, verdade, realidade e além!
Como eu também assim o sinto!Mas talvez, o não conseguisse jamais verbalizar. Os poetas, esses dizem o indizível!
Jinhos.
Walt Whitman, viveu na América no século XIX (1819 – 1892). Foi um autodidacta e com uma vida profissional recheada de diversas experiências, inclusive na Guerra da Sucessão. A sua poesia é uma reflexão sobre a conturbada realidade americana desse tempo, aliada a temas relacionados com o seu próprio ser, numa dimensão humana física e espiritual, e numa atitude de procura, interrogação e desafio.
ResponderEliminarA sua poesia provocou polémicas ao longo de muito tempo até ser reconhecido como valor real.
Neste poema eu vejo uma contestação interrogativa à ordem estabelecida em termos gerais:
Superioridade do corpo sobre a alma, vice versa ou um todo único? (posta em causa a imortalidade da alma?).
O dualismo da individualidade e sociabilidade bem como a necessidade do amor.
A pouca consistência dos valores materiais estabelecidos, a possibilidade dos reais valores estarem nas coisas mais insignificantes e poderem vir das acções menos previstas. Valor ainda da aprendizagem.
Quanto às questões sobre Deus, a interpretação da Fátima (Banalidades) foi perfeita. Refiro apenas, a propósito da curiosidade/inquietação sobre as questões de Deus, que muitas das guerras que assolam e assolaram o mundo, têm como raiz questões religiosas.
Aproveitei o comentário da Céu para deixar o registo da minha interpretação sobre este poema. Porque é minha, não sei se está correcta. Mas lê-lo e pensar nele valeu, pelas interrogações que também levantou em mim.
Um beijinho e obrigada
Obrigada Fátima pela interpretação tão bela, sucinta e clara que fez deste poema.
ResponderEliminarUm beijinho
Não tenho palavras para as tuas fotografias, Juja.
ResponderEliminarSó posso dizer-te que me encantaram e, apetece-me ficar a olhar para elas enquanto penso nas palavras que Walt Whitman nos deixou...
Conheço dele, "Folhas de Ervas".
Lindíssimo, também!
[...] Morangos com gelo e frescos ramos do terceiro mês para os jovens que vagueiam pelos campos quando o inverno já se retira, corolas de amor perante ti e dentro de ti sejas tu quem fores, corolas que se hão-de abrir à maneira antiga, se lhes trouxeres o calor do sol, abrir-se-ão adquirindo forma, cor e perfume para ti, se te transformares em alimento e humidade elas transformar-se-ão em flores, ramos altos e árvores.
Walt Whitman/Folhas de Ervas
Para ti com um sorriso, Teresinha^_^)
Muito bonito!
ResponderEliminarNão conhecia, nem o texto nem o autor.
Já li todo o "Canto de Mim Mesmo"! Há passagens magníficas... que muitas vezes não apreendemos à primeira leitura...
ResponderEliminarTeresinha!
ResponderEliminarNão conheço “ Folhas de Ervas” mas o extracto que me deixaste é belíssimo e o título do livro tem uma sonoridade de que gosto. Fiquei curiosa e vou procurá-lo. Obrigada pelo teu comentário. A primeira fotografia, em contra luz, foi tirada nas últimas férias. Tirei a outra numa tarde de Inverno, no Sul de Espanha há uns quatro anos.
Também para ti um beijinho sorridente
Sabes Carolina? Comprei este livro aí pertinho de ti. Penso que no teu livreiro, como costumas dizer. Habitualmente passamos por essa livraria quando estamos de férias, bisbilhotamos e acabamos por trazer sempre alguma coisa…
ResponderEliminar;);)
Obrigada a Ignotu, pela passagem e pelo comentário. De facto, o "Canto de Mim Mesmo", é um livro para ler, parar e pensar.
ResponderEliminarAté sempre