(São dois registos afastados no tempo. O primeiro reflete um olhar de juventude, o outro regista um momento de desânimo.
Contudo, os projectos não morreram... sucedem-se
MENDIGO
Pobre e solitário mendigo!
Pele suja coberta de farrapos andrajosos.
Não tens projectos, mendigo,
E a tua meta, é uma vala aberta,
À sombra inútil dum cipreste.
Os homens, na igreja, chamam-te irmão,
Mas fecham-te a porta e recusam-te o pão.
Por te verem remexer nas suas lixeiras,
desprezam-te.
(Indiferentes, remexem o lixo, pela tua mão).
Mas ficam em paz...
Chamam-te irmão e deixam-te escrever
O teu nome com LETRA GRANDE.
19/06/65
Hoje, irmano-me a ti, mendigo!
Arrasto esta alma gasta,
coberta de farrapos andrajosos.
Não tenho projectos.
E a minha meta,
é uma cova aberta,
à sombra inútil dum cipreste.
Parados no tempo. O que faz a diferença?
O teu desinteresse era precoce, parecendo opção.
Enquanto o meu, o tempo moldou. É pura erosão.
2001
Jesus Varela
MQJuja:
ResponderEliminarEm trinta e seis anos em vez de ajudares o "mendigo", procuraste os andrajos com que a vida o tapou? Não querida, não pode ser, tens de saber que a "sombra" de qualquer árvore nos abriga, nos conforta e nunca é inútil.
O tempo não pára, é moldado por nós aproveitando o magma da sua própria erosão.
Na no nosso "eu" interior também há gargalhadas
à espera de ser soltas e não as devemos sofucar. Um abraço.
Bom dia minha Amiga
ResponderEliminarHá quanto tempo não "te via"!
Tenho andado um pouco descuidada...!
Como sempre encontro aqui, de ti, as palavras belas e certas em forma de poesia ilustrando na perfeição as tuas fotografias.
Abracinho*_*)*_*)
Querida Zé
ResponderEliminarPeço-te, não leves à letra tudo o que fui escrevendo ou escrevo.
Nesta sucessão de eventos e momentos, não tenho a certeza sobre o que construí e aquilo que a VIDA moldou. Como consequência,venho a flutuar nela. Umas vezes menos segura, outra mais enraizada. Tenho a lamentável tendência de preferencialmente registar os dissabores.
Qualquer destes registos “já foi”. Até o primeiro trataria hoje de forma diferente, pois também faço parte desse conjunto que está do outro lado e naquele tempo, não percepcionava isso.
Quero ainda felicitar-te pelo texto do teu comentário. Lindo!!! Deixa-me repetir: “O tempo não pára, é moldado por nós aproveitando o magma da sua própria erosão”– e ainda, ”No nosso “eu” interior também há gargalhadas à espera de ser soltas e não as devemos sofocar”. Concordo e acrescento: soltemo-las logo que as identificarmos porque nunca se sabe se o Sol, amanhã, nasce para todos.
Beijo grande.
Querida Teresinha!
ResponderEliminarQue bom “ver-te”! Eu é que me sinto em falta. Tenho passado “por ti”, sem deixar sinal. Mas prometo que te vou enviar uma mensagem por email, e conversar um pouco mais contigo. Um beijo grande envolto em saudades.
QSentidamente,
ResponderEliminarAinda voltando à tua última publicação, não tens culpa de saber do lado onde te encontraste na vida, não foste tu que te posicionaste (aí seria grave) assim é bom que tenhas sabido optar. Lê no meu blogue as 10 cartas que vou publicando diariamente, não para me engrandecer, sabes que não é o meu estilo de estar, mas para partilhar com aquelas/aqueles que sinto por perto as minhas preocupações !
Não estou de acordo contigo quando dizes: "soltemo-las logo que as identificarmos porque nunca se sabe se o Sol, ámanhã, nasce para todos". Claro que nasce, quem o recebe é que nem sempre lhe nota o brilho, tão ofuscado está, falta-lhe o descernimento necessário para procurara dentro de si o eco das gargalhadas!!!
Desculpa a minha crueldade, mas luto (SABES BEM) para afastar a negatividade que nos conduz ao esquecimento de Nós.
Um xi
cara Amiga,
ResponderEliminarno passado, já nada podemos fazer, mexer sequer.
mas no presente, é o momento, único, em que podemos refletir, viajando por tempos que já lá vão mas... não para sofrer mais do que já se sofreu, mas sim, procurar, com a maturidade que fomos adquirindo no tempo, não repetir e mostrar que, na realidade, crescemos e aprendemos.
hoje, alimentar-se de culpa e desilusão... corre o risco de levar a sombra dos ciprestes ao estado de extinção e nem para uma "cova" existir um lugar.
a visão do "hoje", por difícil que seja, não pode dar razão à degradação mas sim...
à execução dos projetos que, tanto quanto vejo pela leitura, continuam parados.
pense, pense um bocadinho, por favor...
ainda tem muita coisa por conquistar.
Minha querida
ResponderEliminarHoje apenas passando para agradecer o carinho das tuas palavras e dizer que estou melhorando e voltando devagar.
Beijinho carinhoso
Rosa