segunda-feira, 4 de maio de 2015

QUANTO!



Foto: Sentidamente

Quantos caminhos abertos,
Quantos desafios encetados,
Quantos sonhos e projetos,
Quantos factos consumados.
Quantas brechas no caminho,
Quantas vezes a paragem,
Quanto investir em carinho,
Quanto prosseguir viagem.
Quanto olhar a construção,
Quanta culpa acumulada,
Quanto peso e deceção,
Quanta luta para nada.
Quanto os ombros a pesar
Quanto tremor na mão.
Quanto foi para não voltar,
Quanto dói recordação!
Quanto contar dia a dia,
Quanto aquilo que acontece,
Quanto viver que enfastia,
Quanto sentir que enobrece.

Jesus Varela
Jan/2015

sexta-feira, 27 de março de 2015

FALA-ME DUMA FLOR



Foto: Sentidamente

No tempo /espaço, encontro preciso.

Deslumbre colorido, inebriante odor,

Reina o encanto dum sorriso

Na breve mas intensa vida de flor.

Tantas flores podem nascer

Em Maios da vida semeadas,

Basta olhar a querer ver

Sem outras intenções arreigadas.

São os amores que agarram

Paredes de coração aberto.

Vidas feitas que alicerçaram

Alianças e raízes no afeto.                                    

Flores são múltiplas atitudes,

Caminhar sentido certo

Sem prever benesse de virtudes.

São os momentos acontecendo,

Partilhadamente vividos,

Na amizade florescendo

Sem alarde dos sentidos.

Flores são alguns recortes

Que nos habitam o interior.

Aquelas lembranças fortes

Parecendo ter pouco valor.

Flores são tantos perdidos

Que seu destino cumpriram.

Todos os entes muito queridos,

Ausentes porque partiram.



Intuído mistério

Num sentir que apraz,

Fascínio tão sério

Em mensagem de paz.

Entre ser e sentimento

Apertado é o laço.

Na vivência dum momento

Assim reina a flor:

A imensidão dum abraço

Aberto ao exterior.



Jesus Varela


Dezembro de 2014 

terça-feira, 12 de agosto de 2014

DEBATE






  Fotografia / Sentidamente


Praia em maré cheia, tanta gente!
Horizonte azul, estende-se pra frente.
Sacudindo amarras e vincos
Respiro fundo! Ignoro labirintos.
Desempurrada pelo destino vou.
Oca de conteúdos malignos sou:
Onda revolta, evoluídos branqueados,
Desfeita em múltiplos rendados.
Areia atrevida a brincar com o vento,
Rocha pachorrenta a aguardar o tempo…

Desponta nuvem, em Julho inesperada.
Ameaça voltar a lágrima chorada?

Assim balança debate constante:
Caminho sedento de caminhante
A queimar dias em viver mesquinho
Sou caminhante indiferente ao caminho.

Jesus Varela

sábado, 5 de julho de 2014

DÚVIDAS



Fotografia/ Sentidamente


Na ilharga da porta
desenhei um trem
e fiquei perguntando:
- Vai ou vem?

Vezes sem conta
propaguei a partida.

Com memórias
enchi malas.
Sacudi medos
no tapete da entrada.
                                               Mas… movimentei nada!

De olhos fechados
 na contrariedade,
visitei o escuro de dentro
e ouvi-o gritar “solidão!”.
A ânsia de partir
abalava vontades
e atiçava ilusão.
O tempo pasmado
ameaçava agitar
entreabrindo a porta fechada.
Mas… movimentei nada!

Fui dedilhando
rendado da vida.
O portal para fora
deixei trancado.
De todo, interditei a saída.

Jesus Varela