sexta-feira, 23 de abril de 2010

SENTIDO DO MEU IR

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Fotografia: Sentidamente

Vou! Secando lágrimas
....por entre choros e risos…

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bbbbbbVou! Acalmando medos,
....................a pintar negros de cores vivas…

...........................Vou! Gastando a vida,
................................A despertar de sonhos não sonhados…

Jesus Varela


Vou... Ausentar-me por uns tempos... Voltarei!

sábado, 17 de abril de 2010

É UM HOMEM QUEM O DIZ...

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Fotografia / Sentidamente
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A GRIPE E OS HOMENS

Pachos na testa, terço na mão,
Uma botija, chá de limão,
Zaragatoas, vinho com mel,
Três aspirinas, creme na pele
Grito de medo, chamo a mulher.
Ai Lurdes que vou morrer.
Mede-me a febre, olha-me a goela,
Cala os miúdos, fecha a janela,
Não quero canja, nem a salada,
Ai Lurdes, Lurdes, não vales nada.
Se tu sonhasses como me sinto,
vejo a morte nunca te minto,
Já vejo o inferno, chamas, diabos,
anjos estranhos, cornos e rabos,
Vejo demónios nas suas danças
Tigres sem listras, bodes sem tranças
Choros de coruja, risos de grilo
Ai Lurdes, Lurdes fica comigo
Não é o pingo de uma torneira,
Põe-me a Santinha à cabeceira,
Compõe-me a colcha,
Fala ao prior,
Pousa o Jesus no cobertor.
Chama o Doutor, passa a chamada,
Ai Lurdes, Lurdes nem dás por nada.
Faz-me tisanas e pão de ló,
Não te levantes que fico só,
Aqui sozinho a apodrecer,
Ai Lurdes, Lurdes que vou morrer.
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António Lobo Antunes
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(Dedico à Zé Portugal)

segunda-feira, 12 de abril de 2010

SOLIDÃO

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Fotografías / Sentidamente

Gaivotas voaram em bando,
Intolerantes à minha aproximação.

....................Tal como os grãos de areia
....................Se me esgueiraram por entre os dedos.

......................................E a solidão, efervescente nada,
......................................Ressoa em mim, na hora apagada.

Jesus Varela
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quinta-feira, 1 de abril de 2010

NOMEIO CONSTELAÇÕES...

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Fotografia / Sentidamente

NOMEIO CONSTELAÇÕES USO-AS
Para me guiarem no recinto das noites
Escavo corpos na flexibilidade das sombras
Atravesso a manhã e ponho a descoberto
A casa onde a infância secou

O olhar desce aos gestos inacabados
Satura-os de jovens lágrimas de resinas
E o susto da criança que fui reaviva
Um pouco de alegria no coração

AL Berto

Publicado em “ Vigílias” ; Assírio & Alvim