sexta-feira, 30 de outubro de 2009

ANTECIPAÇÃO

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Fotografias / Sentidamente

Escuto algures, ecos nas quebradas.
Solidária com o sofrer do mundo,
num macio amargo de veludo,
choro baixinho, dores adivinhadas…
Impotente, estalo na secura dos estios,
e num encarquilhar velho, de vazios,
ouço-me, a estiolar pelas estradas!

Ontem o dia veio, promessa de luz e cor.
Tudo o que trouxe, deixou…
Com o seu passar, perdeu esplendor.
O que deixara, tirou e levou…

Os meus passos hoje, impressos no chão
duro ou macio, marcam-me o rasto.
O tempo os levará e um dia serão,
em branco, um imenso espaço!

sábado, 24 de outubro de 2009

REFLETINDO…


Fotografias / Sentidamente

SENTIR OS SENTIMENTOS

Alegria e tristeza, duas constantes da vida.
Se a primeira é ansiada, já a segunda é temida.

A alegria é tão breve que se desfaz num momento?
A tristeza deixa marcas, prolonga-se em sofrimento?

E no decorrer duma vida qual é mais frequente?
- Varia com a pessoa, a forma como isso sente.

Naquela que vive a sorrir, tendo pronta a gargalhada,
predomina a alegria, sendo a tristeza adiada.

A que com insegurança, caminha pela vida fora,
é propensa ao sofrimento e com frequência chora.

Tanto o bom como o mau, a qualquer pode atingir.
A grande diferença está, na forma de reagir?

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

O PRESENTE

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Fotografias / Sentidamente

O presente é um “presente”
de incalculável valor…
O que já foi, porque ausente,
é de importância menor.
Privilégio é o estar vivo!
Cheirar, ver e ouvir,
ao sorriso dar motivo,
alegria e dor sentir.
Ver nascer um novo dia
e assistir ao sol se pôr,
Contente ou em agonia!
E quando escuro já for,
pisando as pedras da rua,
caminhar nos becos escuros,
entre a luz prateada da lua,
e a sombra de altos muros.
Partilhar com outros seres,
vivos ou inanimados,
um sem número de viveres:

Os que sem vida, parados,
Pedras, rochas, minerais,
esses seres inanimados,
À mercê de nós, mortais.

Em fainas de sobrevivência,
os animais deste mundo,
vão entrando em sequência,
nesse círculo tão profundo…
E num equilíbrio sem par,
garantem continuidade
em cadeia alimentar.

As plantas, numa luta sem idade,
com a brisa a ondear,
ou a sacudir com o vento,
tenazes, no seu lutar
contra as agruras do tempo.
Na primavera, os segredos,
que são promessas de vida,
dão forma a tenros folhedos,
e em floração colorida,
afastam da terra os lutos
dum Inverno e suas dores.
Mais tarde chegam os frutos,
impondo-se pelos sabores.
As sementes legarão
garantias e favores,
de cíclica renovação!

Em humana convivência:
Ser a criança inocente.
Ir perdendo a inocência,
ser jovem adolescente,
ter a mocidade enfim!
Chegar à idade adulta.
Depois, encontrar um fim…

Neste destino resulta,
um tempo presente haver,
que tudo o que é mau, indulta,
nessa dádiva que é viver.

sábado, 10 de outubro de 2009

FASCÍNIOS DE OUTONO

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Fotografias / Sentidamente

Gosto! Da paz destes dias soalheiros,
carregados de sonhadas nostalgias,
a refulgir luz etérea nos outeiros,
calma intocada, em formas fugidias!

Gosto! Desta paz que inunda espaços.
Dos dias a arrefecer num vagar lento.
E do estalar seco dos meus passos,
a lembrar protestos, trazidos pelo vento!

Gosto! Do espalhar os tons de oiro,
na quietude mansa desta espera!
Do Outono calmo, luminoso e loiro,
a surgir do sonho, envolto na quimera!

Gosto! Das brisas frescas ao entardecer,
entre o aconchego e o arrepiar de frio.
Das pequenas ondas, no cais a bater.
Do sereno brilhar das águas no meu rio!

Gosto! Se a rua deserta, inspira o sagrado
e o silêncio reina em respeito profundo,
de caminhar segura, num passo entoado.
sentindo-me quase, senhora do mundo!

domingo, 4 de outubro de 2009

MÃOS

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Fotografia / Sentidamente

Mãos tortas, encarquilhadas,
dormentes, doridas.

Mãos que por mais que água lave,
ficam sempre escurecidas.

Pele enrugada
sobre ossos retorcidos
em dias tristes...

Mãos que já foram aladas, leves,
carinhosas, esguias,
sedosas e potentes!
Mãos que acenaram,
que acariciaram,
que trabalharam.
Mãos de GENTE!

Mãos longínquas, perdidas nas lembranças,
esfumadas nos ares e nos tempos,
como bolas de sabão!
Difusa imagem escondida por bruma.
Meio apagada, quase coisa nenhuma!

Mãos que não o sendo,
são sempre as mesmas.
Mãos nobres e valorosas
cheirando a nardos e a rosas!